VOLEIBOL
NOVEMBRO 2025 REVISTA DRAGÕES
Como é que o voleibol surgiu na sua vida? Tinha acabado de sair do ballet e o meu sonho era ser ginasta. Ainda andei uns tempos na ginástica artística e também cheguei a experimentar o atletismo, mas como a minha irmã tinha jogado voleibol, decidi experimentar e acabei por ficar.
Foi nessa altura que lhe começaram a chamar“ Bitas”? Sim, ainda estava nas minis. Tinha muitas colegas de equipa com o mesmo nome do que eu, então decidi pôr“ Bitita” na camisola, porque era a minha alcunha em casa. Entretanto uma colega disseme que“ Bitita” era muito grande e começou a chamar-me“ Bitas”. A alcunha colou e agora toda a gente no mundo do voleibol me chama“ Bitas”.
O Leixões foi uma boa escola? Foi uma excelente escola. A formação do Leixões funciona muito bem. Os atletas saem bem preparados e eu, em particular, tive sempre a sorte de apanhar bons treinadores, o que ajudou muito.
Tem ideia de quantas vezes foi campeã nacional na formação? Fui campeã nas infantis, iniciadas, juvenis e duas vezes nas juniores. Os primeiros títulos foram muito especiais porque nessa altura ainda jogava com as minhas amigas, entendíamo-nos bem e era muito fácil jogar com elas. O primeiro título nas juniores também teve um sabor muito especial, porque antes só havia líberos nesse escalão e foi uma experiência nova para mim.
Em que posição jogava antes? Era distribuidora, mas jogávamos num sistema chamado 4x2, o que significa que ficava a passar quando estava atrás e atacava quando chegava à frente. Sim, eu atacava com esta altura [ risos ].
Ter sido distribuidora ajudou-a a ganhar outra visão de jogo? Sem dúvida. São duas posições distintas, que exigem coisas completamente diferentes, mas acho que ser distribuidora me fez ganhar muita experiência, especialmente a nível de liderança.
Foi uma transição óbvia ou custou a engrenar? Era óbvio que ia ser líbero, porque sempre fui muito baixa para jogar em qualquer outra posição, mas a adaptação foi difícil, principalmente na receção. As distribuidoras não treinam tanto esse fundamento, porque têm de dar o segundo toque, e confesso que senti algumas dificuldades, mas sempre adorei defender e já sabia que esse era o meu destino.
Com apenas 15 anos já jogava nas seniores ao lado de algumas das melhores voleibolistas do país. Qual era a sensação? Era espetacular, adorava cada uma das minhas companheiras de equipa, aprendi tanto com elas … O voleibol mudou muito desde então, mas continuo a aplicar tudo o que elas me ensinaram, sobretudo no que diz respeito à confiança e ao espírito de liderança.
Foi chamada à seleção aos 17 anos. Qual é a sensação de representar o país? É espetacular. Cantar o hino e representar o nosso país é uma sensação inexplicável. Sou uma sortuda por ter tido essa oportunidade, ainda por cima num ano de Europeu.
É comparável à sensação de representar o clube do coração? É diferente, mas igualmente espetacular. Nos dois casos estamos a representar uma nação e sentimos o peso da responsabilidade.
Quem fez de si portista? Todos lá em casa são portistas e lembrome de ser pequena e ver o FC Porto a jogar. Adorava ver o Hulk, o Falcao e o Belluschi, mas quando comecei a jogar voleibol acabei por me desligar do futebol. Ainda vim duas vezes ao Dragão, mas o FC Porto empatou e a minha família começou a achar que eu dava azar [ risos ]. Lembro-me de adorar ouvir falar do Deco e até cheguei a ter um cão que esteve para se chamar Deco em homenagem ao jogador, mas acabou por ficar Dragão. Isto prova que havia uma febre azul e branca lá em casa.
Já fez as pazes com o futebol? Sim, agora acompanho muito mais, mas devo confessar que não é a minha modalidade preferida. Gosto mais de ver andebol e hóquei.
Se não jogasse voleibol, que desporto praticaria? Talvez andebol. Ia ter dificuldades por ser pequena, mas ia desenrascarme. Também gosto de ténis e de surf. Acho que seria por aí.
Como era trabalhar com a Joana Resende na seleção? Foi muito bom e agora acabo por voltar a ter essa experiência. Já a conhecia, partilhámos quarto na seleção, mas antes disso nunca tínhamos jogado juntas. Sabia que ela era uma atleta muito dedicada, que estava sempre focada no trabalho e essa postura também me ensinou muito.
E como era a dinâmica com a Lila e a Victória no Leixões?
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