ENTREVISTAS
NOVEMBRO 2025 REVISTA DRAGÕES
“ Neste clube a união é superimportante. Temos de nos unir e lutar juntos todos os dias, dar o nosso máximo e perceber que toda a gente conta”- João Costa
UMA ESTRELA LÁ EM CIMA
No podcast Canto do FC Porto, da plataforma zerozero, a conversa fez-se entre portistas. Durante quase uma hora, João Costa explicou por que razão regressou a casa, o que o impressiona em Francesco Farioli e como vê o presente e o futuro do clube.“ Neste ano voltámos a ser verdadeiramente o FC Porto e isso é um orgulho”, resumiu o guarda-redes de 29 anos, porta-voz de“ um grupo muito unido” dentro do qual“ todos aprendem com todos”. João confessou ter recebido“ propostas para ir ganhar muito mais dinheiro na Arábia Saudita”, mas o caminho acabou por o trazer de volta ao Dragão:“ Regressei por paixão e para escrever uma história que não tinha escrito. Senti que tinha de vir para cá.” A decisão vem acompanhada de um lema simples:“ Car o melhor todos os dias, porque nunca se sabe onde está a meta”. Mesmo quando desce à equipa B, garante que há um propósito:“ Às vezes os miúdos precisam de alguém que lhes passe a mensagem correta e os faça acreditar em algo maior.” Treinar diariamente no CTFD Jorge Costa“ é um privilégio enorme” para este portista de Barcelos, que não esconde a ligação especial com o grupo de guarda-redes:“ Dificilmente me esquecerei deste grupo único. Celebro as defesas deles como se fossem minhas.” Para ele,“ a amizade, a competitividade, a energia, o rendimento e a cultura de trabalho” dos donos da baliza do FC Porto“ serve de inspiração para os restantes jogadores do plantel”. Sobre a morte de Jorge Costa, assume a marca e os reflexos deixados no balneário:“ Só quem viveu essa tragédia sabe o quão difíceis foram os dias e as semanas seguintes.” Dentro do grupo, sente-se“ uma força extra” desde o desaparecimento precoce do capitão lendário:“ É uma estrelinha a torcer por nós e a puxar-nos para cima. Sou uma pessoa muito crente e acho que as vitórias nos últimos minutos têm sido conseguidas com um empurrão do Bicho.” Depois de quatro meses de trabalho, o número 24 descreve Francesco Farioli como“ uma pessoa muito motivadora, agregadora”, que“ faz sentir que toda a gente conta” e que“ dá a entender que foi guarda-redes pela importância que dá à posição”.“ O míster não deixa escapar nada, com ele todos os momentos do treino e do jogo contam e as bolas paradas são um exemplo disso”, acrescenta, sublinhando o detalhe e o conhecimento específico da posição. Satisfeito pela“ grande resposta numa altura muito difícil com tantas deslocações”, João Costa quer“ aproveitar os jogos em casa” para“ fazer do Dragão uma verdadeira fortaleza”. A definição de identidade fica numa frase que podia ser lema de balneário:“ Ser FC Porto é jogar para ganhar todos os jogos e deixar sempre a pele em campo.”“ Neste clube a união é superimportante. Temos de nos unir e lutar juntos todos os dias, dar o nosso máximo e perceber que toda a gente conta”, reforça o guardaredes, seguro de que“ os adeptos já empurraram a equipa para várias vitórias” – algo que“ vai fazer falta mais vezes ao longo da época”, avisa.
A MESMA LÍNGUA
O que une um central croata em aulas de português, um avançado espanhol obcecado por golos, um patrão da defesa polaco que descobriu a paciência com bola, um guarda-redes a festejar a qualificação para o Mundial, outro que regressou“ por paixão” e um 10 galego que se apaixonou por uma cidade inteira? As entrevistas aconteceram noutros cabeçalhos, em páginas que não são as da Dragões, mas, lidas em conjunto, desenham um retrato muito nítido do que se passa cá dentro: um treinador que incute nova mentalidade, um grupo que não aceita baixar o ritmo, uma liga mais dura do que parece, uma cidade que respira FC Porto e jogadores que falam em várias línguas da mesma coisa – trabalho, ambição, responsabilidade. À primeira vista, são conversas dispersas, dadas a meios distintos e em geografias diferentes, mas, vistas em conjunto, formam um fio condutor sobre o que é este FC Porto. Aqui limitamo-nos a alinhálas: se não fomos o primeiro destino destas palavras, pelo menos garantimos que não lhes falta casa.
37