Dragões #468 Nov 2025 | Page 32

ENTRE LINHAS
NOVEMBRO 2025 REVISTA DRAGÕES
FC UTRECHT 1-1 FC PORTO
Domínio para relatório: o dobro dos remates, o dobro dos ataques, 67 % de posse e números que davam para ganhar dois jogos e meio. O problema é que as balizas não leem estatísticas, só aceitam bolas. O empate soube a pouco, mas revelou uma nota estratégica: a um ponto do apuramento direto, o FC Porto passava a ter três das próximas quatro partidas da Liga Europa agendadas para o Dragão. Em tese, o cenário era favorável, na prática, era preciso transformar posse em vantagem no marcador. Farioli saiu do jogo com o apontamento sublinhado a marcador fluorescente:“ bola parada”. Uma distração que custou caro num exame que estava bem encaminhado, mais aquela falta de“ paciência para atacar da melhor forma”. Borja Sainz marcou e definiu“ agridoce” melhor do que qualquer dicionário: o objetivo eram os três pontos, mas só veio um. Ficou o lembrete identitário:“ Somos o FC Porto e queremos ganhar todos os jogos”. O plural não é majestático, é programático. Pablo Rosario e Dominik Prpić reforçaram o diagnóstico: controlo, resposta, azar no detalhe. O antídoto é o de sempre – seguir em frente e trocar intensidade em falta por pontos em excesso. O voo de regresso trouxe menos do que se jogou, mas trouxe o essencial para o próximo passo: lição aprendida e vontade de a aplicar depressa.
Entre dois defesas e sem espaço para respirar, Borja Sainz abriu caminho no relvado de Utrecht e empurrou os azuis e brancos para o empate.
Chegar à área como quem chega a casa: Froholdt atacou o espaço, apareceu na cara do golo e deu razão a quem diz que o timing é meio futebol.
FC FAMALICÃO 0-1 FC PORTO
Seis jogos em três semanas, cinco com trolley de cabine de avião ou bagageira de autocarro, e o líder ainda encontra tempo para deixar um cartãode-visita no Minho: 1-0 ao quinto classificado, décima vitória e oitava folha limpa em onze jornadas. Não houve fogo-de-artifício, mas houve profissionalismo com recibo. O Famalicão só tinha sofrido um golo em casa e passou a ter duas coisas: dois golos sofridos e a certeza de que o FC Porto não precisa de legendas, explica-se sozinho. Francesco Farioli levou cronómetro e lupa, porque“ todos os pormenores contam”, e contou-os quase todos: primeira parte de bolso, segunda de mangas arregaçadas, porque a liga dá voltas num piscar de olhos e o FC Porto prefere falar baixinho enquanto controla o jogo e a bancada serve de casa portátil. Manual das 72 horas: hidratar, viajar, ganhar. Repetir. Victor Froholdt escolheu o minimalismo nórdico e resolveu o problema num remate. Feliz,“ sobretudo pela vitória”, que é como quem diz que o golo vai para o álbum de recordações e os três pontos vão diretos para a classificação. Francisco Moura, MVP com assinatura, cruzou com régua e esquadro e ainda deixou aviso à concorrência: três pontos de vantagem não são almofada, são despertador.
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