NATAÇÃO
OUTUBRO 2025 REVISTA DRAGÕES
“ Para mim, a natação é o desporto mais bonito que há, mas reconheço que não é uma modalidade de que toda a gente gosta, ao contrário do futebol. Já tive discussões destas com diretores de jornais, que me dizem sempre que a natação não vende, mas ultimamente temos tido muito bons resultados e custa-me ver um campeão do mundo num canto da capa do jornal.”
podem nadar com a água a 15 como a 27 graus, saltam para a água e caem todos em cima uns dos outros, as correntes podem ou não ser fortes … é tudo muito imprevisível. Já assisti a provas em que os nadadores foram picados por alforrecas e já vi imagens de golfinhos a saltar ao lado dos atletas. As provas de águas abertas são muito emocionantes.
Estes 30 anos foram determinantes para poder ajudar o FC Porto a escrever um novo capítulo na natação? Sem dúvida. No início sabia que tinha de sair do clube porque havia muito bons treinadores aqui e, quando recebi o convite do SC Braga para treinar o escalão de infantis, falei com a Teresa e ela entendeu perfeitamente. Fui tentar a minha sorte. Comecei nos escalões mais baixos, estive no Braga sete anos e depois mudei-me para o Clube de Natação de Vila Verde. Nessa altura nasceu o meu primeiro filho e estive um ano sem participar em competições, andava muito cansado por causa das viagens e da paternidade. Entretanto surgiu um convite para trabalhar num colégio no Porto, vim para aqui um ano e, no final da época, o Leixões ligoume. Estive sete anos em Matosinhos e outros três no Fluvial. Foram 30 anos determinantes para ganhar experiência e estou muito feliz por ter a oportunidade de voltar a casa.
Como reagiu quando o contactaram? Não estava à espera. Sabia que o meu irmão [ José Manuel Borges ] queria ficar com o grupo das águas abertas, mas não sabia que me iam convidar para assumir a natação. Foi um dia muito feliz. Cheguei a casa e foi uma alegria. Os meus filhos são sócios desde o dia em que nasceram. Estamos todos felizes e o meu filho diz que ando com um sorriso diferente. Quando treinava noutros clubes aquilo que eu mais queria era ganhar ao FC Porto, porque para mim este é o melhor clube do mundo, e como treinador sempre quis ganhar aos melhores. Espero que os portistas me perdoem, até porque detesto ver o FC Porto a empatar ou perder, mas como treinador eu só queria ganhar ao melhor clube do mundo. Agora que aqui estou, o gosto será a dobrar.
Gostava de ver algum dos seus atletas bater o seu recorde de medalhas ou parece-lhe impossível? Acho muito difícil, porque os regulamentos mudaram e agora há um limite. Um atleta não pode nadar mais do que duas provas no mesmo dia e, na minha altura, cheguei a ser campeão nacional 24 vezes no mesmo fim de semana. Além disso, agora tentamos especializar o atleta, na minha altura nadávamos todos os estilos e distâncias.
Os treinos são muito diferentes? Cada vez mais. Os atletas já começam a treinar mais sozinhos e passam a vida a ser avaliados, filmados e analisados. É muito importante haver um apoio individualizado, porque cada atleta tem diferentes necessidades dentro e fora de água, tanto a nível físico como nutricional.
Quando é que o FC Porto terá mais atletas olímpicos? Demora. Faltam apenas três anos para os Jogos de 2028. Não vou dizer que não temos potencial, porque temos três ou quatro atletas que ainda podem chegar lá, mas não pode falhar nada, nem da parte deles, nem da nossa. Não se fazem atletas olímpicos num ano e hoje em dia isso é um problema, porque os jovens querem as coisas muito rápido e desistem com facilidade. Há muito poucos jovens dispostos a esperar quatro anos, mas nós estamos a tentar. Neste momento temos dois atletas olímpicos, o Tiago Campos e a Angélica André, e acredito que vão conseguir estar presentes em Los Angeles, mas gostávamos de juntar mais atletas, com a consciência de que será um caminho longo e muito difícil.
55