FUTEBOL
SETEMBRO 2025 REVISTA DRAGÕES na cabeça, prefere método a milagres e trabalho a soundbites. A equipa agradece e acompanha: quem entra, entra para somar; quem marca, corre para defender.
TRÊS NOTAS CERTAS
Depois do assalto a Alvalade e do triunfo claro, mas curto, sobre o Nacional, o FC Porto passou por Vila do Conde como quem cumpre um ritual: três pontos, baliza fechada e a ideia de jogo a carburar. A vitória sobre o Rio Ave( 3-0), com golos de Pablo Rosario, Samu e Gabri Veiga, deixou os Dragões isolados no topo da tabela à sexta jornada, com 15 golos marcados e apenas um sofrido – registo que espelha a força competitiva do coletivo, mas não apaga as exigências de Francesco Farioli. O treinador italiano, realista no diagnóstico, preferiu sublinhar que“ nem tudo muda em dois meses”:“ Não éramos tão maus antes nem somos tão bons agora”. O resultado, limpo e robusto, foi acompanhado de um aviso:“ Era importante ganhar e manter a baliza a zeros, mas também aprender que no futebol as coisas mudam muito rápido com certas ações ou cartões. Temos de crescer mentalmente para não darmos nada ao adversário”. Em campo, Gabri Veiga foi bússola e motor: duas assistências, um golo e um recado maduro“ num campo difícil”. Saiu“ feliz” por dedicar a vitória“ ao guerreiro Nehuén Pérez”, com a certeza de que ainda“ há muita margem para melhorar”.“ Pés bem assentes na terra” e cabeça no essencial: jogo a jogo, sem atalhos. Pelo meio, um lembrete que poderia servir de código de entrada no balneário:“ É importante que todos os reforços percebam que estamos num grande clube e que vamos ter de fazer sempre mais do que os outros para ganhar.” O líder isolado segue viagem com a prudência de quem sabe que a classificação em setembro não dá troféus em maio. Mas dá sinais: equipa compacta, fome competitiva e um treinador que não se deixa encantar pelo espelho. O resto é continuar a somar— com a mesma atitude, por Nehuén e por todos os que empurram desde as bancadas.
O ÚLTIMO ACORDE
Em Salzburgo, cidade natal de Mozart, William Gomes compôs o silêncio: quando o relógio já corria nos descontos, o brasileiro fletiu da direita para o
Toque final. Depois de duas assistências, Gabri Veiga fecha o resultado em Vila do Conde
Camisola ao vento. Um remate de assinatura que transformou resistência em vitória
meio e desferiu um remate em arco absolutamente surpreendente que deu a vitória ao FC Porto e prolongou a sequência positiva na primeira jornada da Liga Europa. Foi o golo que separa aquilo que se sofre daquilo que se conquista. Francesco Farioli chamou-lhe“ um dos jogos mais difíceis da época” e, ainda assim, viu o que queria ver: espírito, duelos, disciplina. O treinador deu os parabéns ao adversário, reconheceu que“ há muito para melhorar”, mas sublinhou o essencial— a equipa esteve ligada até ao último segundo. William,“ feliz pelo golo”, prometeu ir para além do limite em todos os jogos, Kiwior sublinhou a importância de acreditar até ao fim, Varela valorizou o esforço de todos, lembrando, no entanto, que nada está ganho, e Pepê completou o raciocínio: união, alegria e uma imagem para limpar depois de“ uma época muito abaixo do normal”. O resultado foi curto, mas a mensagem foi ampla. Num palco exigente e num relvado que se deteriorava a cada minuto, o FC Porto revelou maturidade competitiva, paciência tática e uma fé que dura até ao último toque. Quando a bola pediu liderança, William Gomes não pediu licença.
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