ANDEBOL
AGOSTO 2025 REVISTA DRAGÕES
Nasceu em Guadalupe, um departamento ultramarino de França, e começou ainda jovem a praticar taekwondo. Como entrou o andebol na sua vida? Depois de já ter praticado futebol e natação, estava no taekwondo quando um dia o meu irmão me convidou para ir ver um jogo de andebol dele. Fui apoiá-lo e, quando acabou o jogo, o treinador perguntou se eu queria experimentar, porque faltava uma pessoa para a equipa. Fiz aquilo pelo meu irmão, mas quando joguei pela primeira vez fiquei estupefacto por poder lutar e ao mesmo tempo praticar uma modalidade com bola. Adorei.
Nessa altura, nunca tinha pensado em tornar-se um jogador profissional ou já era uma modalidade de que gostava? Não imaginava, mas comecei a gostar tanto que disse à minha mãe:“ Vou ser um jogador profissional”. Mal experimentei, apercebi-me de que queria que aquele fosse o meu emprego, que era o que queria fazer para o resto da vida.
Conseguiu sobressair de imediato ou o sucesso chegou com o trabalho? Eu era muito magro, tive de trabalhar mesmo muito para conseguir obter este poderio físico. Sou magro, não tenho assim tanto talento para esta modalidade, é tudo trabalho e determinação. Depois de progredir e de me aperceber que poderia chegar longe, dei o meu máximo.
Rapidamente chegou à seleção de Guadalupe e mudou-se para o campeonato francês. Como é que tudo aconteceu? Tudo começou quando fui chamado para a Taça Air Caraïbes, um torneio presidido pelo Didier Dinart [ N. D. R. histórico internacional francês e selecionador de França ]. O meu treinador chamou-me para esta competição que reúne os melhores jogadores sub- 17 de Guadalupe. Joguei contra o Gonzalo Pérez de Vargas, o László Nagy, tantas outras estrelas … e senti que era a minha oportunidade. Tinha de dar tudo. Fizemos dois jogos, estive muito bem, foram momentos mágicos. Depois, o Didier Dinart veio falar comigo, expliquei-lhe que queria ir para França para me tornar profissional e ele concordou, disse que eu tinha muito potencial e que tinha de ir para crescer.
Quão difícil foi essa mudança? Foi muito difícil, porque em França não há a mesma cultura e o mesmo espírito, não é igual. Senti que estava no estrangeiro. Há inverno e diferentes estações, em Guadalupe é verão o ano todo. Eu mantive-me firme porque era o meu sonho e queria fazer aquilo por mim e pela minha família. Eles ficaram todos em Guadalupe e eu fui sozinho com 16 anos. Quando fui, vi a minha mãe chorar no
61