Dragões #463 Jun 2025 | Page 6

A VISÃO DO PRESIDENTE
JUNHO 2025 REVISTA DRAGÕES

Insatisfação e revolta

Finda agora uma época desportiva que, sem rodeios, ficou aquém das expectativas que sempre temos para o nosso Clube. O compromisso de trabalho sério, rigoroso, com foco nos resultados, a ambição e o compromisso com a vitória não se fizeram sentir de uma forma transversal e os resultados não apareceram. Temos que assumir, sem rodeios, que a época 2024 / 2025 foi, no seu todo, uma época frustrante apesar da conquista da Supertaça Cândido de Oliveira. O balanço desta época é, portanto, de insatisfação e revolta. Pelas expectativas goradas, pela inconsistência, por nunca termos sentido a confiança para alcançar as vitórias que nos colocassem no lugar que devemos ocupar.
Para que o façamos, é fundamental identificar os problemas que nos impedem de atingir esses objetivos, fazer o devido diagnóstico e desenhar e executar o plano que nos vai permitir alcançá-los. No FC Porto a exigência e o compromisso com a vitória são inegociáveis e é por isso que estamos a dar início a um processo de renovação funcional e organizacional da área desportiva que levou à saída do treinador Martín Anselmi, a quem desejamos as maiores felicidades na continuação da sua carreira.
Temos, no entanto, muitos outros motivos de orgulho nesta época desportiva. Sinais positivos que merecem ser destacados porque encarnam o espírito de ser Dragão. O contributo dos nossos cinco jovens internacionais no Euro Sub-17— Mateus Mide, Yoan Pereira, Bernardo Lima, Martim Chelmik e Duarte Cunha- assim como os restantes oito atletas que, formados no clube ou com passagem por cá, contribuíram para a vitória de Portugal na Liga das Nações, nomeadamente os nossos Diogo Costa e Rodrigo Mora. Os seus desempenhos ao serviço da Seleção Nacional sublinham a qualidade da nossa formação e apontam para um futuro promissor, onde o talento que cresce em casa, na nossa casa, terá cada vez mais espaço no plantel principal. Um sinal muito representativo do que criamos, do que somos e do que vamos ser cada vez mais.
No futebol feminino, a estreia da nossa equipa sénior trouxe uma vaga de esperança, pelo seu exemplo de superação, com uma campanha irrepreensível na terceira divisão nacional, que vencemos. O primeiro de muitos títulos e troféus certamente. Ambição, qualidade e espírito de grupo, amor ao emblema que carregam ao peito e rasgando horizontes no universo azul e branco. Para além disso batemos recordes sucessivos de assistências dentro e fora de casa. A estreia foi mesmo o jogo com mais assistência alguma vez jogado no nosso país, algo que jamais esqueceremos.
O hóquei foi outra grande demonstração da identidade portista. Uma equipa que persiste em reerguer-se e reinventar-se perante as maiores adversidades. Da final da Champions perdida ao bicampeonato tivemos um claro exemplo de superação e ambição. Passados quatro anos maravilhosos … deixa-nos Ricardo Ares. Compartilhámos muito nestes últimos 14 meses. O amor pelo FC Porto e pela cidade do Porto, o seu altruísmo e relação com os jogadores, o respeito que tem pela Instituição e a marca que deixa. Vai deixar saudades. Em meu nome, e da Direção do FC Porto, que tenha sempre muito sucesso por esse mundo fora.
A equipa de basquetebol falhou o título que mais desejava, mas durante todo o ano demonstrou ao que vinha, o que ambicionava e o que é Ser Porto. O play-off acabou por não ser representativo do seu real valor, mas não esquecemos que o foram durante toda a época e que entregaram ao museu a Supertaça e a Taça de Portugal, além do percurso europeu que muito nos orgulhou.
Da mesma forma, o nosso andebol demonstrou a sua garra e até aos últimos minutos da competição se bateu pelo primeiro lugar. Não foram possíveis os títulos, mas para a próxima época, a esperança é muita, pois a competitividade e a vontade demonstradas foram notáveis. A formação conquistou o título nacional de sub-20, título que fugia há mais de duas décadas e muitos foram os nossos atletas que conquistaram o terceiro Lugar no Campeonato do Mundo Sénior e o segundo lugar no Campeonato do Mundo de sub-21, onde Diogo Rêma foi eleito para o sete ideal.
O nosso voleibol, não tendo atingido os objetivos pretendidos em termos de campeonato, ainda assim conquistou a Taça Ibérica e um acesso inédito à fase grupos da Liga dos Campeões.
A natação deixa-nos também muita esperança de recuperarmos a nossa aura de campeões. Vários títulos nacionais e pódios, nos diversos escalões, das águas abertas à natação pura, atletas qualificados para europeus e mundiais, demonstram o afinco com que se trabalha nas piscinas de Campanhã. Em termos coletivos, o vice-campeonato na vertente feminina e o terceiro na masculina no Campeonato Nacional de Clubes mostram o percurso ascendente em que estamos.
2025 tem sido um ano de altos e baixos para o bilhar do Clube. A Supertaça e um Campeonato Nacional individual e robustos resultados no plano internacional marcam a época, afirmando-nos como uma referência mundial da modalidade, o que legitima ter--nos sido atribuída a organização da Taça do Mundo com os melhores jogadores da atualidade. Muitos deles do FC Porto.
No boxe, a inspiração vem dos punhos de atletas femininos e masculinos, que venceram vários títulos nacionais em competições em que o FC Porto esteve representado.
No topo do nosso orgulho continua o nosso desporto adaptado, que continua a ser um exemplo de trabalho e amor pelo FC Porto que nos inspira. No goalball, campeão Nacional invicto, reafirmámos o domínio na modalidade vencendo a Supertaça. No boccia, com três Campeões Nacionais de Jovens, com vários atletas a representar as seleções nacionais. No futsal para Síndrome de Down, com dois novos Campeões Europeus. Na natação adaptada, com diversos títulos nacionais a nível individual. No ténis de mesa adaptado, com mais dois campeões nacionais e a conquista da Taça de Portugal. Mais recentemente também com títulos europeus, nas competições internacionais para atletas com Síndrome de Down. E vários atletas estão já integrados no programa de preparação paralímpica e esperanças paralímpicas.
No campo associativo não posso deixar de partilhar convosco o que vivemos nos
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