Dragões #463 Jun 2025 | Page 53

FUTEBOL
JUNHO 2025 REVISTA DRAGÕES
JOSÉ MANUEL FERREIRA

“ AINDA TEMOS UM LONGO CAMINHO PELA FRENTE”

Chegar, ver e vencer. Foi este o mote que lançou o futebol feminino no FC Porto e, volvidos dez meses desde o dia em que se fez história no Dragão, nenhum outro faria mais sentido. Pelo caminho bateramse recordes, arrastaram-se multidões e levantaram-se troféus. Um arranque forte, à imagem do clube- não fosse esse o principal objetivo de José Manuel Ferreira. Numa entrevista que cruza o passado, o presente e o futuro de um projeto pioneiro, o diretor da secção dá a conhecer os bastidores, faz balanços, estabelece metas e aponta o percurso a percorrer. Sempre com a consciência de que no FC Porto“ não existe outro caminho além de vencer”.
ENTREVISTA de MARIA LEONOR COELHO

O

FC Porto entrou em grande no futebol feminino. Que mensagem é que este arranque transmite aos adeptos e aos adversários? Foi um projeto pioneiro no clube. Sabia desde o princípio que era fundamental termos a mesma ideia e estarmos em sintonia no que diz respeito ao futebol sénior, ao futebol de formação, à história e à identidade do próprio clube. Sabíamos que tínhamos de ser um clube vencedor, dominador e passar desde cedo a mensagem de que o futebol feminino no FC Porto é uma realidade. Queremos chegar ao patamar superior, mas sabemos que ainda temos um longo caminho pela frente. Vamos tentar fazê-lo bem, de forma paciente e calma. Queremos vincar o nosso papel e a nossa posição no futebol feminino à imagem do que acontece no futebol sénior e de formação. Queremos acompanhar essa realidade, embora tenhamos consciência de que iniciámos o percurso num patamar inferior, mas vamos percorrê-lo com calma e com paciência até atingirmos o sucesso.
Como foram os primeiros dias do projeto? Foi uma verdadeira corrida contra o tempo. Sou eu que estou aqui hoje a dar a cara, mas houve um grupo de trabalho que perspetivou, pensou e refletiu muito para que tudo isto acontecesse. Passámos horas a trabalhar, a planificar, a contactar, a tentar recrutar e fidelizar atletas. Não foi um trabalho fácil, foi extremamente árduo. Costumo dizer que foi igual a comprar uma casa sem mobília e decorála do zero. As coisas acabaram por correr bem e temos de enaltecer o trabalho do presidente, da administração e de toda a estrutura do FC Porto. Durante o processo todos os problemas foram transformados em soluções e isso foi muito importante. Também temos de enaltecer o papel dos pais das atletas, que tiveram uma participação importantíssima nesta época de sucesso. Houve aqui um conjunto de esforços que nos ajudou muito e não podíamos estar mais contentes com o trabalho, mas temos consciência de que ainda há muita coisa para fazer.
Porquê Daniel Chaves? Traçámos um perfil e o Daniel encaixava na perfeição. Não escondo que ele tinha
53