“ Hoje em dia há muitos jogadores que não se arriscam a querer muito uma coisa para depois não sofrerem com isso. Um jogador do FC Porto não pode ter medo de sentir, tem mesmo que querer muito e conseguir viver com a desilusão.” ter sido campeão este ano”, porque já tinha passado um ano e eu já não via maneira de chegar ao próximo ano para poder treinar com a camisola do FC Porto.
TEMA DE CAPA
MAIO 2025 REVISTA DRAGÕES
“ Hoje em dia há muitos jogadores que não se arriscam a querer muito uma coisa para depois não sofrerem com isso. Um jogador do FC Porto não pode ter medo de sentir, tem mesmo que querer muito e conseguir viver com a desilusão.” ter sido campeão este ano”, porque já tinha passado um ano e eu já não via maneira de chegar ao próximo ano para poder treinar com a camisola do FC Porto.
Quão diferente era a realidade do FC Porto daquela a que estava habituado no Gondomar? A realidade era muito diferente, porque o FC Porto jogava para ser campeão. No Gondomar tínhamos uma geração muito boa, mas ficávamos sempre nos lugares de baixo e o meu objetivo era jogar numa equipa melhor e provar que conseguia jogar no patamar acima. Hoje em dia não é muito normal, mas a equipa que se juntou nos infantis era composta por 60 ou 70 % de jogadores que chegaram aos juniores. Cria-se ali uma família entre os jogadores e as famílias dos jogadores, há uma ligação única e o título de juniores foi muito importante. Foi terminar com a cereja no topo do bolo.
Quem foram as figuras conhecidas- jogadores, treinadores ou dirigentes
- que trabalharam consigo nessa altura? Não querendo ser injusto, mas há muitos. Os treinadores são sempre muito importantes para nós, porque são quem nos guia e ajuda a distinguir o que está certo e errado. Tive vários, desde o Álvaro Silva ao senhor Rolando e ao senhor Freitas, o“ 112”, o senhor Ilídio Vale, com quem fui campeão de juniores, o Miguel Cardoso, nosso treinador no Padroense, e queria destacar um, sendo que todos são muito especiais, mas o senhor José Guilherme foi quem me ensinou o que é ser jogador do FC Porto. Foi-me dizendo muitas coisas que ficaram e marcou uma geração de muitos jogadores que passaram por aqui.
O que distingue um jogador do FC Porto de outro qualquer? É difícil dizê-lo por palavras, mas se tivesse que escolher uma era“ constância”. Claro que ninguém gosta de perder, mas importante é pensar“ o que é que tu fazes para não perder?”. Não podes ir abaixo e tens que continuar a dar o máximo todos os dias. Tens que sentir as coisas. Hoje em dia há muitos jogadores que não se arriscam a querer muito uma coisa para depois não sofrerem com isso. Um jogador do FC Porto não pode ter medo de sentir, tem mesmo que querer muito e conseguir viver com a desilusão.
Na chegada aos seniores entrou num balneário cheio de figuras míticas … Nunca se sentiu intimidado? Lembro-me de todos, como é óbvio, e guardo memórias muito boas. Lembro-me de jogadores que não jogavam tanto, como o Nuno Espírito Santo … Uma pessoa até tremia só com a presença dele. Houve outros, como o Raul Meireles ou o Paulo Assunção, que eram excelentes pessoas, e olho mais para os da minha posição, como é óbvio, mas também me lembro do Lisandro López. Via-o treinar e pensava“ isto não é normal. A velocidade com que treinam, a intensidade, a darem o máximo em todos os lances … Não é treinar por treinar”. Ali eu via que era mesmo real e, para eles gostarem de ti, eras obrigado a
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