TEMA DE CAPA
MAIO 2025 REVISTA DRAGÕES mais a sério no primeiro ano de juvenil, quando somos emprestados ao Padroense. Aí começo a perceber que os treinadores gostavam muito de mim, aprendi muito e comecei a ser uma referência dentro do meu escalão. Antes disso todos os meus colegas iam às seleções jovens da AF Porto e eu nunca fui porque não era um jogador que se destacasse. Nunca fui aos sub-16 de Portugal, mas a partir dos sub-17 começo a ser chamado à seleção. Foi aí que comecei a perceber que tinha jeito para o futebol. Os treinadores viam-me como um grande profissional e como um jogador que entendia a missão e a importância de dar tudo. Tive muitos pais no futebol, principalmente treinadores, e digo isso aos meus colegas:“ Quanto mais pais tiverem, melhor. É sinal de que estão a fazer as coisas bem.”
Teve muitos pais e um bisavô, chamado Francisco Castro, que foi internacional português e um dos primeiros campeões nacionais em 1935. O que sabe sobre ele? Não o conheci, mas toda a gente me dizia que era um excelente jogador e um driblador. Aquilo a que se chamava um ponta esquerda na altura, um jogador muito aguerrido e com muita qualidade, mas diferente de mim, sem dúvida.
O seu avô foi supervisor fiscal do clube, o seu tio capitaneou os juvenis, o seu pai também jogou no SC Rio Tinto. O futebol corre-lhe no sangue? Sem dúvida que corre. Desde pequeno que me vejo com uma bola nos pés e todas essas pessoas foram muito importantes para mim. O meu avô trazia-me aos treinos sempre que podia, o meu pai fazia o que fosse preciso para me ir ver jogar, fosse onde fosse, e a minha mãe era a grande sacrificada, porque eles têm uma confeitaria e ela tinha que ficar. Sem ela não seria possível, porque o meu pai chegou a ir a Olhão ver jogos e a voltar para casa no mesmo dia. Sempre fui muito bem acompanhado e isso foi muito importante na minha carreira.
O futebol ou o desporto? É que a sua irmã, 16 anos mais nova, chegou a ser campeã nacional dos 1000 metros e a bater recordes da Fernanda Ribeiro nos infantis … Os Castro são uma família de
A
atletas que não cometem excessos? Alguns [ risos ]. Tenho duas irmãs e uma não foi para o desporto, mas a mais nova é parecida comigo nesse aspeto. Sendo amadora é uma excelente profissional, corre todas as provas para ganhar e não gosta que cheguem à meta antes dela. Treina muito bem, tem jeito e tem este nervo que nos caracteriza bem vincado.
Esse nervo é uma caraterística comum dos portistas. Como nasceu a paixão pelo FC Porto? Era um daqueles miúdos que arrastava a família para as Antas ou a família é que o arrastava a si? Eram os dois. Lembro-me de vir de mota com o meu pai. Vinha ver os jogos todos, lembro-me de todos os jogos que vim ver, depois fui para apanha-bolas e tenho muitas memórias do Estádio das Antas. Vir ao futebol é uma paixão para mim.
O que faz um capitão dos apanha-bolas? É uma boa pergunta. Naquela altura o capitão dos apanha-bolas tinha uma função muito importante. O FC Porto não fazia o aquecimento no estádio, como hoje, mas sim na parte de trás das Antas.
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