“ Era a única campeã olímpica do clube. Sei que faço parte da história do FC Porto, mas nessa altura tinha o carinho do país todo. Acho que os portugueses já nem olhavam para mim como uma atleta do FC Porto, porque viam a bandeira, ouviam o hino e olhavam para mim como uma atleta portuguesa. Fui acarinhada por toda a gente.”
ESPECIAL 40 ANOS
ABRIL 2025 REVISTA DRAGÕES
PALMARÉS
Jogos Olímpicos Atlanta 1996: Ouro nos 10.000m Sydney 2000: Bronze nos 10.000m
Campeonato do Mundo Gotemburgo 1995: Ouro nos 10.000m e Prata nos 5.000m Atenas 1997: Prata nos 10.000m e Bronze nos 5.000m
Mundial de Pista Coberta Paris 1997: Bronze nos 3.000m
Campeonato da Europa Helsínquia 1994: Ouro nos 10.000m Budapeste 1998: Prata nos 10.000m
Europeu de Pista Coberta Paris 1994: Ouro nos 3.000m Estocolmo 1996: Ouro nos 3.000m Valência 1998: Prata nos 3.000m
“ Era a única campeã olímpica do clube. Sei que faço parte da história do FC Porto, mas nessa altura tinha o carinho do país todo. Acho que os portugueses já nem olhavam para mim como uma atleta do FC Porto, porque viam a bandeira, ouviam o hino e olhavam para mim como uma atleta portuguesa. Fui acarinhada por toda a gente.”
Outros títulos Campeonatos Ibero-americanos: Manaus 1990: Bronze nos 3.000m Rio de Janeiro 2000: Ouro nos 5.000m Huelva 2004: Ouro nos 10.000m
Jogos da Lusofonia Macau 2006: Prata na meia-maratona
Campeonato Europeu de Equipas Bergen 2010: 5.000m
Campeonato Nacional 5x campeã nos 1.500m( 1989, 1990, 1995, 1998 e 1999) 3x campeã nos 5.000m( 2000, 2002 e 2004) 3x campeã nos 10.000m( 1992, 1996 e 2008) 1x campeã de maratona( 2009) 1x campeã de corta-mato( 2003) aldeia olímpica. Comecei a ganhar mais confiança lá e a meia-final correu-me bem. Antes da final ainda pedi uma opinião à Manuela Machado e à Ana Dias e elas disseram-me que era muito complicado, especialmente por eu não estar muito bem psicologicamente. Aconselharam-me a não levar o fato de cerimónia para não sentir tanta pressão e prometeram que o iam buscar se eu precisasse de o vestir. E tiveram mesmo de ir, porque ganhei o bronze. Tenho quase a certeza de que perdi a prata por falta de confiança. Talvez até o ouro, mas depois de um ano tão mau senti que aquele bronze era ouro.
Abandonar a competição em 2012 foi uma decisão difícil? Terminei a carreira por lesão, fiz uma fratura no dedo do pé e ainda corri assim durante um ano, mas depois abandonei. Disseram-me que nunca mais ia correr ou caminhar, mas hoje só não faço competição porque não quero. Sinto que já fiz o que tinha a fazer, mas se quisesse ainda podia competir. Participar em provas não é igual a competir. Ainda faço a Corrida do Dragão, mas não encaro aquilo como uma competição, é apenas a corrida do clube que representei durante 20 anos.
Ainda se emociona quando vê a cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos? Na altura dos Jogos eu paro e vejo todas as modalidades, seja de manhã ou à noite. Os Jogos são o sonho de qualquer atleta, mesmo que venham embora sem medalhas. Só o facto de estar presente é um sonho. As pessoas muitas vezes não entendem isso. São tão poucos os atletas que estão lá, por isso sabemos que temos de ser excelentes.
Com 55 anos e 13 anos depois de ter terminado a carreira, qual é o papel da corrida na sua vida? Continuo ligada ao atletismo. Tenho uma academia na Maia e continuo a ir às escolas e a assistir às competições. Vou estar sempre ligada à modalidade.
E o do FC Porto? Gostava que o FC Porto voltasse a ter atletismo, acho que merecemos isso. Todos os atletas que lá estiveram deram tudo pelo clube. Era bom voltar a ter a modalidade. Fui campeã olímpica e tivemos tantos campeões nacionais … Gostava mesmo que o FC Porto voltasse a ter uma equipa de atletismo.
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