“ Um dia o meu pai perguntou-me se queria ir para o atletismo e eu disse logo que sim, porque sabia que ia ter umas sapatilhas e uns calções. Nem sabia muito bem o que era o atletismo, só sabia o que era correr na rua e ganhar a toda a gente.”
ESPECIAL 40 ANOS
ABRIL 2025 REVISTA DRAGÕES
“ Um dia o meu pai perguntou-me se queria ir para o atletismo e eu disse logo que sim, porque sabia que ia ter umas sapatilhas e uns calções. Nem sabia muito bem o que era o atletismo, só sabia o que era correr na rua e ganhar a toda a gente.”
Porquê o atletismo? Tudo começou quando tinha nove anos. Cresci sem nada numa aldeia pequena em Penafiel, chamada Novelas. Um dia o meu pai perguntoume se queria ir para o atletismo e eu disse logo que sim, porque sabia que ia ter umas sapatilhas e uns calções. Nem sabia muito bem o que era o atletismo, só sabia o que era correr na rua e ganhar a toda a gente. Lembro-me que a minha primeira competição foi no dia 14 de abril de 1979. Fiquei em segundo lugar e, a partir daí, nunca mais quis sair.
Aos 11 anos corre a primeira meia-maratona e só fica atrás da Rosa Mota. É aqui que começa a perceber que tinha futuro? Acho que não. Ainda era muito pequenina, apesar de já ter o sonho de ser campeã olímpica. Muitas vezes perguntavam-me se queria ser como a Rosa Mota e eu dizia que não, ainda que lhe guarde muito respeito. Sempre tive o sonho de ser melhor. Comecei a bater recordes nos 1.000 metros como infantil, depois vim para os iniciados do FC Porto e fiz logo essa meia-maratona com 11 anos. Perdi por quatro décimos contra a Rosa Mota e sei que isso chamou a atenção, mas só senti que comecei a ganhar espaço aos 14 anos quando representei a seleção pela primeira vez. Aí comecei a sentir que o sonho de ser campeã olímpica podia chegar.
Consta que nessa altura ainda brincava com bonecas no balneário. O processo de afirmação foi mais difícil por ser tão nova? Lembro-me de fazer uma meiamaratona com a Aurora Cunha e de ser chamada à atenção no balneário do Estádio das Antas, porque na ideia dela eu ainda precisava de brincar. Eu levava o atletismo como uma
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