ESPECIAL 40 ANOS
ABRIL 2025 REVISTA DRAGÕES
Conquistou o seu primeiro campeonato com o mesmo treinador com que venceu a Taça dos Campeões Europeus, o Artur Jorge. Como era trabalhar com ele? O sr. Artur Jorge era uma pessoa em que os responsáveis do FC Porto acreditavam. Contudo, e não lhe tirando o mérito, que bem merece, também temos de recordar quem começou por montar aquela equipa. O sr. Pedroto trabalhou com o Artur Jorge em Guimarães e acho que já o estava a preparar para um futuro no FC Porto. Infelizmente, saiu cedo das nossas vidas e o FC Porto contratou o Artur Jorge, que tinha grandes conhecimentos, era uma excelente pessoa e soube aproveitar de melhor forma cada jogador do plantel. O FC Porto tinha uma grande equipa, um grande presidente e uma massa associativa com muita fome de títulos. Tudo junto possibilitou-nos começar a vencer de forma regular.
Havia muitas diferenças entre trabalhar com Artur Jorge e com Tomislav Ivić, por exemplo? Todos os treinadores com quem tive a oportunidade de trabalhar fizeram-no ao mais alto nível, ainda que de maneiras diferentes. O Artur Jorge era um treinador ao estilo português. Apesar dos vários cursos que tirou fora do país, a base não variou muito dos outros. Agora, o Ivić vivia o futebol de minuto em minuto. Nas viagens de avião para as competições europeias ele estava sentado sempre a tirar apontamentos sobre os adversários. Chamava um jogador e explicava o que queria dele para esse jogo, depois chamava outro. A nível das sessões de trabalho também existiam diferenças, como também as sentimos quando veio o Bobby Robson. Foram dois grandes treinadores que passaram pelo FC Porto.
É com Bobby Robson que o FC Porto arranca para o pentacampeonato, ciclo em que o João Pinto venceu os primeiros três de cinco títulos consecutivos. Como foi trabalhar com ele? O Sir Bobby Robson era um“ gentleman”. Era uma pessoa espetacular e inteligente, nunca se zangava com ninguém apesar de levantar a voz quando merecíamos. Ao contrário do Tomislav Ivić, em que se treinava sempre com muita agressividade e intensidade, com o Bobby Robson havia uma alegria extra. Ele sentiu que essa energia estava sempre presente, não precisava de nos obrigar. Ele adorava cada treino e como cada jogador trabalhava. Foi um grande treinador.
O momento da sua despedida dos relvados foi um dia de muita emoção para si e para todos os portistas. Aconteceu como pretendia? Já estava preparado há três ou quatro anos para esse dia. Quando o Fernando Gomes saiu do FC Porto, olhei-me ao espelho e disse:“ Qualquer dia vai acontecer-te o mesmo”. Admito que ficar ligado ao FC Porto como treinador dos juniores logo após a minha retirada me ajudou a não sofrer muito. Estava a passar férias na altura e disse a uma sobrinha:“ Verónica,
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