Dragões #460 Mar 2025 | Page 59

“ Já joguei na Alemanha, na
Grécia e em França e nunca vi nada assim. Quando estava na Grécia achava mesmo que aqueles adeptos eram os melhores, mas depois vim para o FC Porto e percebi que estava enganada.”
VOLEIBOL
MARÇO 2025 REVISTA DRAGÕES
“ Já joguei na Alemanha, na
Grécia e em França e nunca vi nada assim. Quando estava na Grécia achava mesmo que aqueles adeptos eram os melhores, mas depois vim para o FC Porto e percebi que estava enganada.”
Andava no sétimo ano e não praticava desporto, mas o meu irmão praticava e eu queria ser como ele, então fui às captações da escola. Entrei na equipa por ser alta, porque honestamente não tinha muito jeito. Entretanto comecei a levar o voleibol muito a sério e tornei-me uma boa jogadora.
Foi sempre central? Sim. No início os treinadores escolhem sempre as mais altas para centrais. Algumas acabam por trocar de posição, mas eu até me tornei uma boa central. Acho que ninguém escolhe ser central, a posição acaba por nos ser imposta e depois podemos trocar ou não se formos melhores noutra, mas eu acabei por ser sempre central.
Há quem ache a posição aborrecida por estar sempre a trocar com a líbero … Não acho aborrecido. É uma posição bastante difícil, porque temos de estar sempre em todo o lado, blocamos e recuamos imediatamente para atacar, voltamos à rede para blocar e já temos de atacar outra vez. As centrais nem sempre têm o devido reconhecimento, mas, na minha opinião, um grande bloco acaba por ser tão entusiasmante como um remate nas pontas, portanto não acho nada aborrecido.
Qual é a posição mais difícil no voleibol? Distribuidora, sem dúvida alguma. Têm de conhecer as especificidades de todas as atacantes e cada uma gosta da bola à sua maneira. Somos umas divas, estamos sempre a pedir a bola um bocado mais baixa ou mais alta. As distribuidoras, de forma inata, estão sempre a analisar o campo, são uma espécie de quarterback do voleibol, o ataque passa sempre por elas, têm de se preocupar com elas próprias e com as atacantes, são as nossas treinadoras dentro do campo. Acho mesmo que é a posição mais difícil, física e psicologicamente.
Se pudesse jogar noutra posição, qual escolheria? Adorava ser líbero [ risos ]. Só porque gosto de defender e, enquanto central, acabo por não participar tanto na defesa. Mas, sendo realista, acho que teria de ser oposta. Se trabalhasse o meu tempo de salto nas bolas altas, acho que poderia ser uma boa oposta.
Já jogou voleibol de praia? Só por diversão, nas férias de verão, as pessoas sabem que jogo voleibol e convidam-me para jogar na praia, mas nunca cheguei a participar em competições.
Quão diferente é do pavilhão? Até gosto de voleibol de praia, mas é muito mais difícil. Só há duas pessoas em campo e é muito mais difícil saltar na areia. Provavelmente ia ajudar-me a controlar o meu ataque e a saltar mais, mas não trocava o pavilhão por nada.
Acha que os Estados Unidos são o melhor país para aprender a jogar voleibol? Acredito mesmo que sim e não o digo só por ser americana, mas acho mesmo que quando somos mais novas nos ensinam alguns truques que não ensinam noutros países. Não acho que seja o único país onde as pessoas aprendem a jogar bem, mas acho mesmo que é o melhor porque formamos os jogadores desde cedo.
Quanto tempo jogou nos EUA? Durante 10 anos. Adorei jogar nos Estados Unidos, tenho muitas saudades das minhas colegas, dos adeptos, de poder jogar em casa com a minha mãe a ver. Foram anos muito bons.
Já esteve nas captações da seleção americana. Quão difícil é chegar à equipa principal? É tudo tão diferente lá … Assim que entras no pavilhão estás a competir com todas as outras jogadoras de elite, algumas já foram tuas adversárias, mas é muito divertido. Para quem joga na faculdade não há nível mais alto do que esse.
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