Dragões #460 Mar 2025 | Page 54

ANDEBOL
MARÇO 2025 REVISTA DRAGÕES
O Miguel Oliveira disse-nos, há uns meses, que a inteligência às vezes supera os músculos. Mesmo com o seu físico imponente, considera que a inteligência é o principal atributo? Ainda sou um jogador muito físico, mas a capacidade de ler o jogo e entender o adversário ajuda-me ainda mais no momento de me posicionar para defender e levar o atacante para a posição que quero que vá. Essa capacidade é um passo em frente, um plus que ajuda a melhorar a performance na defesa.
Entre várias exibições extraordinárias, há que destacar o desempenho heroico contra a Alemanha. Foi o melhor jogo da sua carreira? Foi o meu melhor jogo em termos defensivos, ofensivos, de esforço e de sacrifício. Tivemos o Frade expulso no início da segunda parte, o que levou a um esforço máximo e a uma concentração redobrada. Sabia que tinha que durar o jogo todo e que a equipa precisava de mim. Tinha de estar no campo e a fazer a minha gestão física e psicológica. Ainda por cima o jogo foi a prolongamento e senti ainda mais sobrecarga. As pernas já não estão no melhor momento, a cabeça pode fracassar … Foi um teste psicológico muito forte. Tentei não perder o foco e manter-me ciente de que o objetivo era ganhar o jogo.
Que sensações foi tendo ao longo do jogo? Sabia da minha importância na defesa. O jogo dependia muito do meu sucesso defensivo, principalmente. Esteve aí o meu foco e nunca me deixei ir abaixo. O grupo ajudou muito porque é unido e há muito boa energia. Estava cansado, quase no fim, mas sentia uma energia que dava mais um bocadinho de força para conseguir jogar.
Falou no grupo do qual sobressai um aspeto: havia oito jogadores do FC Porto e alguns que tinham passado pelo clube recentemente. Isso foi uma vantagem? Damo-nos todos superbem. Temos muitos que passaram pelo clube e já não estão cá, oito que fazem parte dos nossos quadros e, por isso, é muito fácil a relação, é tudo fluído e natural, o que ajuda nas horas de aperto, quando as
“ É sempre uma surpresa quando chega a hora e sou anunciado como melhor pivô entre tantos e tão bons jogadores a nível mundial. É um choque de realidade. Estou aqui, estou entre os melhores e sou o melhor neste momento. Foi um prémio que demorou alguns dias a assimilar.”
coisas não estão a correr muito bem. É só apoio positivo para darmos mais e mais.
Ao longo do torneio a imprensa destacou a vossa bravura, a coragem e o espírito guerreiro que eram imagens de marca do Alfredo. Este feito inédito é o prolongamento de uma homenagem póstuma? Ele está sempre no nosso pensamento. Se o Quintana estivesse aqui, iria adorar estar aqui. Ele merecia estar aqui e lutámos sempre por ele, pelos que passaram, pelos que ajudaram. Temos essa garra dele e o mau perder.
Não podemos perder. É muito boa esta atitude que a equipa demonstra, apesar de ser jovem. Agora temos os adversários de olhos postos em nós e a não querer que calhemos no grupo deles.
Foi com esses valores que conseguiu deixar eternizada a sua camisola no museu. Que sentimentos lhe trouxe esse momento? É um orgulho enorme entregar a minha camisola ao museu. Quando cheguei a Portugal e lá entrei pela primeira vez, vi camisolas de grandes craques,
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