FUTEBOL
DEZEMBRO 2024 REVISTA DRAGÕES
Deu os primeiros toques no Arcozelo , ainda no meio dos rapazes , mas foi no Valadares que percebeu que jogar à bola podia ser mais do que um hobby . Aos 23 anos estava no carro quando o FC Porto lhe fez um convite que jamais equacionaria recusar e decidiu trocar a primeira divisão pela terceira porque o “ amor ao clube falou mais alto ”, como tem falado sempre . Aos 24 , está “ a viver o maior sonho ” e já só se imagina a festejar o primeiro título da equipa feminina nos Aliados , rodeada dos “ melhores adeptos do mundo ”.
Como surgiu a paixão pelo futebol ? É engraçado . Tudo começou na final de Gelsenkirchen , em 2004 , lembro-me de estar na sala a ver o jogo com o meu pai . Esse momento marcou-me e foi a partir daí que comecei a dar os primeiros toques na bola , segundo o que a minha família diz . Foi tudo graças ao FC Porto .
Quando pisou os relvados pela primeira vez ? Comecei a jogar com rapazes aos oito anos , no Arcozelo . Antes disso só dava uns toques em casa , mas comecei a ganhar aquele gostinho e pedi aos meus pais para ir . Eu andava na dança , mas o que eu queria mesmo era jogar futebol .
Havia quem lhe dissesse que o futebol não era para raparigas ? Claro , mesmo a jogar notava que os rapazes ficavam chateados e não me passavam a bola . Mas nunca dei importância , fazia o meu trabalho .
Como é que se responde a isso ? Não respondia . Não sou pessoa de levar essas afrontas a peito . Limitavame a jogar , estava ali para fazer o que gostava e o resto não importava .
Chegou ao Valadares aos 12 anos e aos 16 já jogava pelas seniores . Como geriu essa ascensão tão rápida durante uma fase tão complicada como a adolescência ? Sinto que foi uma ascensão natural . As coisas antes eram diferentes , acabávamos por ter um acesso mais facilitado à equipa sénior . Na altura subi de escalão com mais duas colegas . Havia uma grande diferença de idades , mas sempre nos demos bem , o entrosamento foi simples e fácil .
“ Sei que estou a jogar duas divisões abaixo , mas estou a jogar no FC Porto e o amor que tenho pelo clube fala mais alto .”
Esses anos foram determinantes na sua evolução ? Sim . Mesmo antes disso , o facto de ter jogado com rapazes fez toda a diferença . Quer queiramos quer não , há sempre uma diferença na intensidade e esses primeiros anos foram essenciais . Mais tarde , jogar com pessoas mais velhas também me ajudou , elas tinham outra experiência , outra perceção de jogo e o nível nos treinos também era diferente .
Quando percebeu que o futebol podia ser mais do que um hobby ? Quando era mais nova tinha o sonho de ser jogadora profissional . Hoje continuo a ambicionar chegar ainda mais longe , mas estou a viver o momento e tem sido um sonho .
Quando e como surgiu o convite do FC Porto ? Estava no carro e ligaram-me a perguntar se podia reunir no Dragão . Fiquei em êxtase , porque era o meu clube desde pequenina . Liguei logo aos meus pais a contar e mal pude esperar pelo dia da reunião para saber o que queriam .
Essa chamada do FC Porto faz acelerar o coração de qualquer portista ? Quando soube que o FC Porto ia ter uma equipa de futebol feminino , o meu primeiro desejo era que me ligassem . Quando o fizeram senti um alívio enorme e uma ansiedade boa por poder representar o meu clube .
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