VOLEIBOL
NOVEMBRO 2024 REVISTA DRAGÕES
“ Aqui sinto-me abraçada todos os dias ”
ENTREVISTA de BRUNO LEITE
À lesão grave que a afastou da competição durante largos meses seguiu-se uma renovação de contrato e um longo período de recuperação , mas aquela que Miguel Coelho considera a melhor distribuidora portuguesa está de volta . E veio para ficar . Nesta entrevista à DRAGÕES , Lila Durão fala da “ carga emocional muito grande ” que envolve o dia 9 de novembro de 2023 , mas desde aí já conquistou “ muita coisa ”, a começar pela Taça Ibérica .
Curiosamente , é como fisioterapeuta que se imagina a ficar ligada ao voleibol quando decidir terminar a carreira , mas esse futuro é ainda longínquo e o presente é o mais importante . Do “ feito único ” que foi a qualificação para a Liga dos Campeões à competitividade crescente do campeonato português , Lila Durão sublinha a importância dos adeptos e não tem dúvidas de que estes são “ mais um jogador dentro do campo ”. “ Eles são realmente especiais para nós e são mais um jogador ao nosso lado , são mais importantes do que possam imaginar ”, acrescenta a camisola 4 das tetracampeãs nacionais .
Que sensações é que o seu corpo lhe tem transmitido nestes primeiros meses de temporada ? Têm sido sensações muito boas . Estar de volta tem sido muito bom , tem sido um início de época que para mim é um regresso à competição numa equipa nova , com muita gente nova . Mas as sensações têm sido muito boas , apesar de ser um início de época atípico com uma Taça Ibérica , uma Supertaça e o apuramento para a Liga dos Campeões . Tem sido sobretudo exigente , mas também muito desafiante . No meio de tudo isto também há muita felicidade por voltar a jogar no Dragão Arena e por voltar a estar junto dos adeptos e da estrutura maravilhosa que temos . As sensações têm sido muito boas .
Que recordações lhe traz o dia 9 de novembro de 2023 ? Quando penso no dia e no momento , ainda tem uma carga emocional muito grande que tem vindo a ser curada , mas que ainda me magoa ao pensar . Senti que foi injusto , pois estava a viver a melhor fase da minha vida e a jogar voleibol num clube que adoro de coração , numa equipa excecional com um staff maravilhoso e rodeada de pessoas incríveis . Nesse dia 9 senti que fiquei sem chão e esse dia remete-me para uma sensação de que iriam ser muitos meses de luta , como efetivamente foram e continuam a ser . Ainda existe uma carga emocional muito grande , mas também consigo olhar para trás e ter a sensação de que conquistei muita coisa . Apesar de ter uma parte emocional negativa , porque a tem , também há outras coisas positivas que consigo tirar de tudo isto .
Quais os momentos mais difíceis ou mais duros durante o processo de recuperação ? O momento em que me lesionei foi sem dúvida o momento mais duro , porque no momento em que caí senti que a minha época tinha acabado ali , tinha a certeza de que tinha feito alguma coisa muito grave . Ver e sentir toda a gente à minha volta a viver o luto comigo foi algo muito duro para mim . Depois acabei por ligar o chip de que a partir dali era para lutar e trabalhar para voltar . Para nós , atletas de alta competição que fazemos disto a nossa vida , tirarem-nos aquilo de que mais gostamos é tirarem-nos praticamente tudo do nosso dia a dia . Foi muito difícil
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