FUTEBOL
OUTUBRO 2024 REVISTA DRAGÕES o caminho acaba por ser o mesmo , gerindo um ou outro contexto , como vamos gerindo se treinarmos os sub-13 ou o plantel principal .
Qual o perfil de jogadora que privilegiaram na formação do plantel ? Antes de mais , privilegiámos a qualidade . Esse era o primeiro indicador : a jogadora que se enquadra num perfil de qualidade para disputar o campeonato da terceira divisão e com uma personalidade dentro dos ideais do FC Porto .
Num plantel maioritariamente jovem , a Cláudia Lima , internacional portuguesa de 28 anos , surge por uma questão de equilíbrio ou por muito mais ? Por muito mais do que isso . Conheço muito bem a Cláudia , sei que é portista ferrenha , já passou pela seleção principal , é uma jogadora de uma qualidade extrema e que em termos humanos é exatamente aquilo que procuramos . O perfil dela encaixa na perfeição no perfil do clube e naquilo que queremos para a equipa , servindo de exemplo para as jogadoras mais novas que fomos recrutar . Não havia melhor pessoa do que ela .
Já treinou equipas de futebol masculino e de futebol feminino . Com qual das variantes é mais difícil lidar ? Ambas têm as suas dificuldades . A
competitividade interna no futebol masculino parece-me ser maior e gerir os egos de cada um deles pode tornar-se difícil , enquanto no setor feminino as dificuldades prendem-se mais com as condições de trabalho . Sem esquecer , claro , que uns são homens e as outras mulheres , os perfis são diferentes . As dificuldades surgem em ambos os casos e as formas de lidar devem ser diferentes .
É preciso utilizar linguagens diferentes ? No nosso ambiente de equipa sénior lidamos diariamente com jogadoras de 15 , 16 e 17 anos , que são muito jovens para um patamar sénior . Se calhar , o tipo de linguagem que teria noutro contexto sénior não pode ser aquele que utilizo aqui . Tem que haver algum cuidado na abordagem , mas sempre num contexto de exigência .
O que mudou desde a sua primeira experiência no futebol feminino em 2012 , quando era treinador do Boavista ? Muito . Principalmente com a entrada do Sporting , do Benfica , do próprio Braga , com investimentos mais elevados , e com a aproximação à profissionalização que se pretende para a primeira divisão . Naquela altura , o contexto era totalmente amador . No Boavista treinávamos a partir das nove e meia ou dez da noite e muitas vezes desligavam-nos a luz , o que precipitava o final dos treinos porque já eram onze e meia ou meia-noite . E ainda assim , nesse ano conseguimos chegar à final da Taça e ganhá-la contra uma equipa que tinha entrado a investir , como era o Valadares .
Há agora uma formação mais estruturada e cuidada ? Tem-se desenvolvido com o apoio da federação , além de que a qualidade de treino e de quem treina melhorou muito na formação , que era precisamente aquilo que não acontecia no meu primeiro ano de treinador .
A ligação entre a equipa principal e a formação do FC Porto é estabelecida com frequência ? Muito , desde a pré-época que temos vindo a chamar jogadoras dos escalões de sub-19 e sub-17 e é nessa base que vamos trabalhar neste ano . O plantel é propositadamente curto com o objetivo de envolvermos atletas mais jovens , dandolhes a oportunidade de poderem integrar os treinos da equipa A e de , quem sabe , poderem estrear-se pela nossa equipa .
Há algum modelo internacional de êxito que procuram adotar , como o do Barcelona , por exemplo , que forma algumas das melhores jogadoras do mundo ? É um modelo interno , muito nosso , de
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