Dragões #454 Set 2024 | Page 64

ANDEBOL
SETEMBRO 2024 REVISTA DRAGÕES últimos anos da minha carreira . Tinha de aproveitar esta oportunidade de explorar um cenário distinto pela primeira vez . Se acabasse a carreira lá , nunca teria a hipótese de viver esta experiência e de jogar na Liga Europeia . Estou a desfrutar , os jogadores receberam-me muito bem .
Chega ao clube com 34 anos e divide a baliza com dois jovens , o Diogo Rêma e o Bernardo Sousa . O que pensa deles ? Nunca tive um treinador de guardaredes quando era jovem . Desenvolvi a minha técnica e às vezes parece estúpido o que faço , mas o que interessa é defender as bolas . Mais tarde , trabalhei com treinadores de posto específico e ensinaram-me a técnica . Vejo isso no Diogo Rêma : é tão explosivo , tem um bom timing , é flexível , tem todos os atributos que são necessários num guarda-redes . Só tem de continuar neste caminho para vir a ser um dos melhores do mundo . O Bernardo faz-me lembrar de quando comecei a treinar com os seniores . Foi muito difícil para mim , mas ele aparenta estar sempre muito calmo , tem uma boa técnica , é grande , em alguns anos pode tornar-se um guarda-redes muito bom .
O que lhes pode ensinar e o que pode aprender com eles ? Falo muito com o Rêma e tento acalmá-lo quando sofre alguns golos , porque ele fica stressado e é muito explosivo . Conheço esse sentimento , é stressante . Posso aprender muito com eles . Nos treinos específicos , o Telmo pede muita velocidade e tenho de ser mais explosivo . Falamos muito e queremos ajudar-nos mutuamente .
Como se descreve enquanto jogador ? Gosto de ver como rematam os adversários . Se não analisarmos , talvez consigamos fazer uma ou outra defesa durante o jogo , mas se trabalharmos bem esse aspeto podemos exponenciar esse número . Quando defrontamos os grandes rematadores temos de sair cedo e , se não soubermos para onde rematam preferencialmente , estamos sempre atrasados . Sou um atleta confiante e sinto que a equipa e o treinador estão a dar-me uma oportunidade . Consigo ser um guarda-redes tranquilo que gosta de falar com a defesa .
E fora do pavilhão ? Sou alguém que não gosta de stress .
Consigo ficar zangado , mas é preciso muito para me tirar do sério . Deixo sair toda a minha agressividade em campo e , quando chego a casa , estou muito calmo . No andebol podemos competir com o adversário , mas no final respeitamo-nos .
O início de temporada não foi o desejado devido às derrotas com o Benfica e o Barcelona . Como as viveu ? Foi duro , porque sou novo e queria começar bem e a vencer . Ainda por cima o Benfica é um rival . O andebol aqui é diferente do da Suécia e nunca tinha disputado jogos internacionais . A defesa era nova para mim e foi muito difícil . Não fiquei satisfeito com a minha exibição , mas isso obrigou-me a melhorar . Talvez não seja suposto ganhar frente ao Barcelona por ser a melhor equipa do mundo , mas nós queremos vencer . Não é impossível , mas eles são bons . Quando querem são excelentes . Ganhámos o último jogo frente ao Torrelavega e é sempre bom terminar da melhor forma . Depois desses jogos , passei a estar mais confortável com a forma como a equipa joga .
Os erros foram corrigidos na Luz . Correu melhor quando defrontámos o Benfica em Lisboa no arranque do campeonato . Preparámos esse jogo muito bem , principalmente depois do primeiro clássico em que não jogámos bem , em que cometemos muitas falhas técnicas . Fomos muito clínicos .
Sentiu muita pressão após as duas derrotas inaugurais ? Só queria ganhar . Claro que queria fazer melhor do que no primeiro jogo . Há sempre pressão , mas nenhuma foi transmitida pelos meus colegas ou pelo treinador . O Magnus esteve sempre tranquilo . A pressão é mais interior , sou eu que a dou a mim mesmo . É um alerta para ser melhor .
Nesse clássico que abriu o Andebol 1 , fez 12 defesas em 31 remates . Foi um sinal da melhoria de que falou ? Especialmente na primeira parte , estive muito bem . O facto de ter começado de início deu-me mais confiança . Estava muito focado , confiei no que sei fazer e correu bem .
64