Entretanto , buscando uma visão queer ( estranho , não-comum ) das atitudes humanas , seria uma catástrofe . Pensemos pelo prisma dos movimentos LGBTTQI (( Lésbicas , Gays , Bissexuais , Travestis , Transgêneros , Queer , Intersexo ) e analisemos as letras que compõem tal sigla e suas formas de vivência . Nos movimentos LGBTTQI , existem , infelizmente , hierarquias . Principalmente se elas vêm carregadas com outras formas de relação de poder : cor , situação financeira , grau de estudo ...
Ainda , que dentro do círculo de violências institucionalizadas , a letra G ( de Gays ) ainda é privilegiada . Sejam nos caminhos de luta para direitos civis ( como o casamento e a adoção ), sejam como reação a atos homofóbicos , o ativismo gay é mais visibilizado . Possivelmente potencializada a partir dos princípios machistas . Por muito tempo , as outras letras da sigla foram “ incorporadas ” ao G , como se todos fossem somente de cunho sexual e a partir do olhar do homem cis ( aquele que se identifica com o gênero de nascimento ).
Neste sentido as Lésbicas foram , de algum modo , colocadas como uma subcategoria da categoria gay , reproduzindo assim discursos e atitudes encontradas na lógica machista e heteronormativa , que subjugam as mulheres – conseguir alterar isso é uma das lutas das feministas . Os / As bissexuais ( a letra B ) sofrem dos diversos lados da contradição das violências . No senso comum são percebidos por indecisos , sem foco , sem “ natureza ” definida – pois não é uma coisa fechada , especialmente depois dos posicionamentos políticos de gays ( os homens , principalmente ), de que se nasce uma coisa ou outra ( mais uma enorme fragilidade epistemológica ), como as composições homo e heterossexual , por exemplo .
Mas ainda de forma mais violenta , por parte dos movimentos que deveriam se importar com tais vivências estão as letras que saem , explosivamente , das normas . As letras T ´ s , o Q e o I , por inúmeras vezes são invisibilizadas dentro do próprio lugar de pessoas invisibilizadas . A intensidade das violências sofridas – por travestis , transe-
32 O SER PRECÁRIO
DIV ERSI FICA