tudo em parceria com a psicóloga que interpretava freud & judith
diagnosticando: “devemos domesticar seu instinto para viver em
cultura, se adequar à sociedade, portanto, normatizaremos e norma-
lizaremos às atitudes de seu filho”. para tod@s, judith era anormal.
por incrível que pareça, a porrada da mãe doía +. imaginem o apare-
lho psíquico deste corpo que quase tudo era desprazer; se este apa-
relho é comandado pela falta: faltava em judith qualquer prazer em
vida. aliás minto, o desejo por falos & falas resistia. seu id era povoa-
do (os sonhos elucidavam) por ambiências onde poderia reconhe-
cer-se, fuder com paus carinhosos e (com)partilhar, mas o superego
só inibia, punia, reprimia, ditava, tentava normatizar e padronizar
nossa anti-heroína. e depois da primeira pulsão pra retornar ao feto,
ao nada; depois da primeira tentativa de suicídio [com 13 anos] é na
heroína que busca escapar do sofrimento. judith que não era butler,
aos 13, drogada e prostituída. pois pois, foge de casa depois de sus-
peitar que a mãe dera por falta dos 7 tarjas preta que havia tomado,
num gole único, acabar com a dor. mas não foi desta vez: o corpo
repulsou, num movimento espiral kundalini, todos os remédios em
vômito. ela, mesmo fraca e meio dopada, fugiu. foi com os backstreet
boys anteriormente citados, invocados e evocados por sua mãe, que
ela conheceu o submundo. depois de insistir um bocado, se alojou
na casa do boy mais velho. mas o boy sem magia só manteria judith
em sua house por very money. e ela começou a conhecer os paus a
partir daí. e ela começou a esconder o pau a partir daí. se tornou puta
pra pagar a casa, manter o vício e chupar os paus. ressurgiu transex
para rebater as (o)pressões, afirmar a vontade e (r)existir no mundo.
mas tudo era meio escondido, travestido pra noite ainda. com tudo,
fazia da chupação de paus e do contexto libertador: pulsão de vida.
e de fato, quanta vida pulsa(va) naquele ambiente prostitutivo.
começou a se relacionar com o que havia de comum naquelas subje-
tividades: confidências, reclamações sobre o sebo no pau de um
velho rodado, batons vermelho, rosa e laranja e púrpura, troca de
agulhadas & canivetes, arranhões, namoro com usuário e traficante
[...] seguiu vivendo assim até os 20 com poucas queixas, alguma cau-
tela e hematomas das agulhas e das brigas com clientes, amigas e
12 SUJEITA JUDITH
DIV
ERSI
FICA