Diversifica Online 007 | Page 12

tudo em parceria com a psicóloga que interpretava freud & judith diagnosticando: “devemos domesticar seu instinto para viver em cultura, se adequar à sociedade, portanto, normatizaremos e norma- lizaremos às atitudes de seu filho”. para tod@s, judith era anormal. por incrível que pareça, a porrada da mãe doía +. imaginem o apare- lho psíquico deste corpo que quase tudo era desprazer; se este apa- relho é comandado pela falta: faltava em judith qualquer prazer em vida. aliás minto, o desejo por falos & falas resistia. seu id era povoa- do (os sonhos elucidavam) por ambiências onde poderia reconhe- cer-se, fuder com paus carinhosos e (com)partilhar, mas o superego só inibia, punia, reprimia, ditava, tentava normatizar e padronizar nossa anti-heroína. e depois da primeira pulsão pra retornar ao feto, ao nada; depois da primeira tentativa de suicídio [com 13 anos] é na heroína que busca escapar do sofrimento. judith que não era butler, aos 13, drogada e prostituída. pois pois, foge de casa depois de sus- peitar que a mãe dera por falta dos 7 tarjas preta que havia tomado, num gole único, acabar com a dor. mas não foi desta vez: o corpo repulsou, num movimento espiral kundalini, todos os remédios em vômito. ela, mesmo fraca e meio dopada, fugiu. foi com os backstreet boys anteriormente citados, invocados e evocados por sua mãe, que ela conheceu o submundo. depois de insistir um bocado, se alojou na casa do boy mais velho. mas o boy sem magia só manteria judith em sua house por very money. e ela começou a conhecer os paus a partir daí. e ela começou a esconder o pau a partir daí. se tornou puta pra pagar a casa, manter o vício e chupar os paus. ressurgiu transex para rebater as (o)pressões, afirmar a vontade e (r)existir no mundo. mas tudo era meio escondido, travestido pra noite ainda. com tudo, fazia da chupação de paus e do contexto libertador: pulsão de vida. e de fato, quanta vida pulsa(va) naquele ambiente prostitutivo. começou a se relacionar com o que havia de comum naquelas subje- tividades: confidências, reclamações sobre o sebo no pau de um velho rodado, batons vermelho, rosa e laranja e púrpura, troca de agulhadas & canivetes, arranhões, namoro com usuário e traficante [...] seguiu vivendo assim até os 20 com poucas queixas, alguma cau- tela e hematomas das agulhas e das brigas com clientes, amigas e 12 SUJEITA JUDITH DIV ERSI FICA