Where the light is
isso fugiu. Não que a palavra lhe agrade. Mas foi isso mesmo
que aconteceu. Uma fuga. Amanhece agora, quilómetros e
quilómetros volvidos, e mesmo quando o sol estiver alto,
ninguém vai saber onde ele está. “Eu fico bem. Não me
procurem. Darei notícias.” Eram as frases que ocupavam o
bilhete deixado na mesa da cozinha, e uma meia dúzia de
emails enviados.
À chegada, ao entrar na garagem vazia, a dor é agora
acompanhada por raiva. Na casa que tinha comprado para
ela. Para ambos. Onde os passos ecoam no soalho. Onde
pela janela entra a luz do sol e forma uma única sombra.
Onde as malas só trouxeram os pertences de uma única
pessoa. O indispensável e uma guitarra. Essa já fora do saco
quando ele se sentou na única peça de mobiliário ali
presente. Um banco de madeira. O início da terapia, que
rapidamente se tornou o fim. A cada acorde, que devia
afastar a dor, como aconteceu vez após vez, mais sofrimento.
Mais raiva. Memórias. Uma discussão. Um acidente.
Traição. Uma morte. E tudo acabou aí. No chão se juntam
bocados
da
guitarra.
Agora
despedaçada.
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como
o
seu
coração: