Diogo Serra
E quando chegou à escadaria, em jeito de flashback,
lembrou-se de tudo aquilo que o tinha feito tomar aquele
caminho. Do bom, do mau, dos inúmeros dias passados. Do
bem que se sentiu naquele alpendre. Acompanhado, a ver a
chuva, a conversar. Sempre com a mesma luz, a luz fraca. E
antes de bater à porta fez um pedido a si próprio, talvez à
sua sorte. Implorou. Não na sua língua. Noutra que tão bem
lhe soa:
- Please, keep me where the light is.
Mas estou a adiantar-me. Para perceberem aquilo que
se vai passar a seguir, ainda têm muito que saber. Esta é a
história daquilo que o levou àquele alpendre. De quem o
levou.
II
Posso dizer que estava ao lado dele. Embora não me
visse, eu estava lá. E não foi uma viagem fácil para nenhum
dos dois. Não que a velocidade fosse abusiva. Nem as
manobras irresponsáveis. O que mais me preocupava eram as
lágrimas que lhe caíam pela face. Os maxilares cerrados. A
respiração acelerada. A seriedade assustadora. Ele estava
determinado a esquecer tudo. Um novo começo, pensou. Por
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