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I
Terá sido o da arca a cultivar a terra e a plantar a vinha?
Ter-se-á feito o vinho ele próprio, só de desgosto ou
contentamento, apreciando-se numa pedra levando com o
excesso transbordante do grande astro?
Após atroz repouso vegetativo ou dormência da videira
durante o período azul, assistiu-se à rebentação de gomos
latentes deixados pela poda das varas, estas que desataram a
berrar e a chorar a seiva bruta, consequência do rasgo, da
ferida da poda, foda do saqueador de inverno. Folhas saídas,
caídas no abrolhamento que as une. Órgãos verdes
irrompem, eructem. Relações sexuais de pólens fecundem,
bagos surgem. E eis que surge o pintor de paleta em punho
para engrossar, amamentar sua criação. Açúcares e ácidos
lutam entre si, baixando, subindo com as condicionantes da
vida, instrumentos do tempo. Estilbenos uivam pela
protecção vascular. Pequenas vidas de polpa, pelicula,
grainha, cheias de rico suco celular, imaginam e tremem sua
guilhotina, temerário monstro de mosto.
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