Paz e prosperidade na península coreana
Após um 2017 carregado de tensões e ameaças de guerra
nuclear na península coreana, os Jogos Olímpicos de inverno de
Pyongiang, de fevereiro de 2018, marcaram o início de uma etapa
de degelo que se consolidou com os encontros de alto nível reali-
zados entre o líder norte-coreano, Kim Jong Un, e o presidente da
Coreia do Sul, Moon Jae In, em abril e maio, e o encontro entre
Donald Trump e Kim Jong Un, em junho. A distensão constitui
uma nova etapa de cooperação e aproximação entre ambas as
Coreias e a disposição do Norte a negociar com os Estados Unidos
a desnuclearização da península.
A reunião histórica em Singapura entre Trump e Kim não
estabeleceu nem como nem quando se levaria a cabo o desmante-
lamento do programa nuclear norte-coreano, pois abriu um cená-
rio de diálogo que com suas idas e vindas está refletindo certo
entendimento mútuo. Tal como se havia comprometido, Kim
entregou os corpos de 200 soldados estadunidenses mortos
durante a guerra e não efetuou provas nucleares. Por sua parte, o
secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, fez nova viagem, a
quarta, a Pyongyang, para continuar as negociações em torno do
desmantelamento do programa de armas nucleares.
Ainda há muitas questões por definir a respeito, incluindo a
possibilidade de firmar um tratado de paz que ponha fim à guerra
da Coreia e o tão esperado restabelecimento de relações diplomá-
ticas entre ambos os países. No entanto, ambos parecem dispos-
tos a manter a relativa paz alcançada.
O diálogo entre as Coreias não adotou o gradualismo das
negociações entre Estados Unidos e Coreia do Norte. Kim e Moon
deram passos agigantados para recuperar os anos dourados da
denominada política dos Raios do Sol (1998-2008). A chegada à
Presidência, em maio de 2017, de Moon, pertencente à mesma
línha política dos dois presidentes – Kim Dae Jung (1998-3002) y
Roh Moon Hyun (2003-2008) – que protagonizaram a década de
maior cooperação entre ambas as Coreias, significou o fim das
erradas políticas rumo ao Norte levadas a cabo pelos chefes de
Estado conservadores durante o período 2008-2016. Em apenas
um ano, conseguiu-se por fim à terceira crise nuclear, realizar a
terceira reunião de cúpula entre as Coreias e reativar o intercam-
bio político, econômico e social.
Nos últimos meses, firmaram-se declarações conjuntas para
modernizar as vias férreas que unem o Norte ao Sul, desenvolver
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María del Pilar Álvarez