de não ser ampla e irrestrita, propiciou um novo ambiente político.
Quando a proposta, encaminhada pelo deputado Dante de Oliveira,
de eleições diretas para presidente da República foi derrotada, se
recusaram a participar do Colégio Eleitoral e expulsaram os três
deputados que participaram dele. Também se recusaram a firmar
a nova Constituição democrática que enterrou o “entulho autoritá-
rio”. Foram os primeiros a denunciar os “malfeitos de Collor” e,
quando este finalmente foi impedido e Itamar Franco assumiu a
Presidência, se recusaram a participar de um governo de Unidade
Nacional. Luiza Erundina que aceitou um ministério, na prática,
foi expulsa do partido. Não aprovaram o Plano Real proposto no
governo Itamar e demonizaram o governo do presidente Fernando
Henrique Cardoso durante os oito anos de seu mandato.
Lula só foi eleito, em segundo turno, quando se candidatou à
Presidência, pela quarta vez. Embora tenha logrado uma votação
muito expressiva, o PT só elegeu 14% dos senadores e 18% dos
deputados federais. Dessa forma não teria condições de aprovar
nem uma lei ordinária. Mas o PT continuava com o discurso da
“herança maldita” de FHC. Para governar aliou-se às forças mais
conservadoras e corruptas do país. O projeto de poder era de vinte
anos. Na lógica de “os fins justificam os meios”, dilapidaram,
junto com os sócios, as grandes estatais e os fundos de pensão
dos funcionários delas. Junto com isso vem o enriquecimento
ilícito pessoal dos participantes dos mais diversos esquemas dos
quais o governador Sérgio Cabral é emblemático. A descoberta
destes crimes se dá aos poucos graças à Lava-Jato que não para
de ampliar suas investigações. O povo já vinha demonstrando sua
indignação desde as grandes manifestações de 2013. Mas mesmo
depois do impeachment da presidente Dilma Rousseff, instituto
previsto na Constituição, os petistas não fazem autocrítica,
mantendo um discurso de que a direita deu um golpe.
Mesmo com Lula preso, comandando a campanha eleitoral,
continuaram a malhar os candidatos de centro e centro-esquerda.
E o antipetismo vai num crescendo vertiginoso. Na lógica hegemo-
nista, no segundo turno, querem o apoio de todos os que sempre
satanizaram. Utilizaram a técnica de apavorar as pessoas com a
chegada de dura ditadura e nesse processo de 16 anos de poder
não cogitam a alternância de poder como algo democrático. Se
tivessem, ao longo dos quase 40 anos de existência, outra atitude,
talvez o resultado fosse outro. Será que chegando à maturidade
terão atitudes mais maduras?
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Dina Lida Kinoshita