Desfazer as confusões pd52 | Page 116

de não ser ampla e irrestrita, propiciou um novo ambiente político. Quando a proposta, encaminhada pelo deputado Dante de Oliveira, de eleições diretas para presidente da República foi derrotada, se recusaram a participar do Colégio Eleitoral e expulsaram os três deputados que participaram dele. Também se recusaram a firmar a nova Constituição democrática que enterrou o “entulho autoritá- rio”. Foram os primeiros a denunciar os “malfeitos de Collor” e, quando este finalmente foi impedido e Itamar Franco assumiu a Presidência, se recusaram a participar de um governo de Unidade Nacional. Luiza Erundina que aceitou um ministério, na prática, foi expulsa do partido. Não aprovaram o Plano Real proposto no governo Itamar e demonizaram o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso durante os oito anos de seu mandato. Lula só foi eleito, em segundo turno, quando se candidatou à Presidência, pela quarta vez. Embora tenha logrado uma votação muito expressiva, o PT só elegeu 14% dos senadores e 18% dos deputados federais. Dessa forma não teria condições de aprovar nem uma lei ordinária. Mas o PT continuava com o discurso da “herança maldita” de FHC. Para governar aliou-se às forças mais conservadoras e corruptas do país. O projeto de poder era de vinte anos. Na lógica de “os fins justificam os meios”, dilapidaram, junto com os sócios, as grandes estatais e os fundos de pensão dos funcionários delas. Junto com isso vem o enriquecimento ilícito pessoal dos participantes dos mais diversos esquemas dos quais o governador Sérgio Cabral é emblemático. A descoberta destes crimes se dá aos poucos graças à Lava-Jato que não para de ampliar suas investigações. O povo já vinha demonstrando sua indignação desde as grandes manifestações de 2013. Mas mesmo depois do impeachment da presidente Dilma Rousseff, instituto previsto na Constituição, os petistas não fazem autocrítica, mantendo um discurso de que a direita deu um golpe. Mesmo com Lula preso, comandando a campanha eleitoral, continuaram a malhar os candidatos de centro e centro-esquerda. E o antipetismo vai num crescendo vertiginoso. Na lógica hegemo- nista, no segundo turno, querem o apoio de todos os que sempre satanizaram. Utilizaram a técnica de apavorar as pessoas com a chegada de dura ditadura e nesse processo de 16 anos de poder não cogitam a alternância de poder como algo democrático. Se tivessem, ao longo dos quase 40 anos de existência, outra atitude, talvez o resultado fosse outro. Será que chegando à maturidade terão atitudes mais maduras? 114 Dina Lida Kinoshita