Coluna
O preconceito como fator negativo
para o desenvolvimento da mulher
N
o mundo estereotipado em
que vivemos, o que foge ao
comum é considerado negativo.
Onde os padrões de beleza im-
posto são exagerados, e as mu-
lheres são as que mais sofrem
com eles. Nunca é o suficiente,
“Você tá muito gorda, ou muito
magra... O cabelo curto é coisa
de homem, e esse cabelo gran-
de? É de alguma religião?” E
por aí vai, a sociedade acha que
pode nos impor o que é o nos-
so ideal de beleza, e ainda nos
falam que feminismo é mimi-
mi.
Um dos preconceitos que te-
mos mais forte, e a indústria da
moda dita sobre ele, é o contra o
excesso de peso, em que “Você
tá muito gorda, deveria se cui-
dar mais!”, e quem disse que
uns quilinhos a mais, é feio? E
o que ele pode gerar em quem
ouve? Nós humanos, somos
seres biopsicossociais, e o que
seria isso? Somos seres biológi-
cos, psicológicos e sociais, pre-
cisamos do meio para existir, ou
seja, precisamos do outro.
Quando o preconceito surge
em casa, onde é o nosso primei-
ro modelo de interação social, a
crença central¹ que criamos é
ainda mais profunda, enraiza-
da. Por exemplo, uma mãe que
cobra a filha, de que ela não
deve descuidar do seu peso, que
ela está “feia” sendo um pouco
mais gordinha, pode gerar nes-
sa criança futuramente em sua
fase adulta uma insegurança, e
sua crença central sobre si, será
negativa de desamor e desvalor.
Onde na maioria das situações
em que envolvam sua aparência
seu pensamento automático² po-
derá ser “Eu não sou boa o sufi-
ciente” ou “Eu sou feia por ser
gordinha... por que eu não consi-
go emagrecer?”, entre outros.
O preconceito social, vai agir
quase que da mesma maneira
que o dentro de casa, mas pode
ser menos agressivo à pessoa,
por vir de terceiros. Ainda assim
isso causa desconfortos, gera in-
seguranças, e podem criar uma
nova crença central na pessoa.
Exemplificando, uma mulher
que cresceu em um ambiente
familiar favorável, onde a empo-
deravam, cresce com uma visão
de si positiva, podendo passar
por essas situações com uma
maior resiliência. Já uma pessoa
que o ambiente não foi favorá-
vel, poderá lidar com aquilo de
maneira mais negativa. E isso
reflete em suas interações so-
ciais. Por exemplo a auto aceita-
ção da pessoa fica disfuncional,
e isso poderá acarretar proble-
mas como em suas relações,
onde se sente insegura em estar
com o parceiro.
Então o olhar para o outro
deve ser empático, e nunca
julgador. Não sabemos o que o
outro passa, para apontarmos
erros e defeitos. O preconceito
nada mais é, do que esse olhar
disfuncional para algo que não
conhecemos.
Miriam Fernanda Clementina
Psicóloga, formada pela Universidade
Paulista UNIP (São José do Rio Preto).
¹ São entendimentos fundamentais e pro-
fundos em que a pessoa considera como
verdade absoluta de si, ou de alguma situ-
ação. São crenças globais, rígidas e inten-
samente generalizadas e podem ser disfun-
cionais ou imprecisas.
² É o primeiro pensamento que vem a
cabeça em determ