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intelectual. Ele uma vez me disse (imagino que em torno de 2007) que poucas vezes havia viajado para congressos em função de sua dedicação às atividades acadêmicas exercidas na UFSC, principalmente em relação ao ensino e às orientações. Aquilo me chamou muito a atenção, pois imaginava que ele deveria receber muitos convites e o quanto ele potencializaria as discussões que se envolvesse. No entanto, nesse tempo que o conheci - relativamente curto em termos de sua trajetória acadêmica, mas intenso em relação ao cultivo da amizade - estivemos juntos em cinco cidades diferentes: Florianópolis, Recife, Salvador, Porto Alegre e Vitória.
Florianópolis foi a cidade da convivência, pois lá morei durante três anos, o que nos permitiu que nos encontrássemos em diversos momentos: salas de aula, eventos acadêmicos, reuniões de amigos e orientações. Estas últimas fugiam de qualquer roteiro acadêmico, como expressei nos agradecimentos da minha tese: "Aos imperdíveis encontros de orientação feitos por Santiago, Paulo, Selvino e Helena. Não esquecerei tão cedo...".
Em um determinado dia, entre 2006 e 2007, Selvino disse que aceitaria submeter um trabalho em co-autoria comigo e Santiago e gostaria que fizéssemos uma viagem juntos. Assim, chegamos em Recife em 2007 na companhia de outros amigos: Ana, Claudia, Jaison e Felipe. A surpresa foi com a energia que ele possuía para conhecer as cidades de Recife e Olinda e continuar nos formando ao falar sobre a história daquelas cidades que conhecia dos livros e que estava tendo a oportunidade de vivenciá-las. Ao final da viagem, ele estava mais disposto do que nós e ainda conseguiu tempo para rever um velho amigo em João Pessoa.
Em 2009 a minha tese de doutorado foi contemplada com o Prêmio de Literatura Científica do Colégio Brasileiro de Ciências do
Esporte. Foi um momento marcante da parceria acadêmica que construí com ele e Alexandre. Mas, o mais impactante para mim foi quando Selvino me disse, dias antes de iniciar o evento em que seria concedida a premiação, que gostaria de estar presente naquele momento. E, assim, estivemos juntos em Salvador na presença de Lígia, Bruno e Thiago (parceiros no LESEF/UFES). As ruas da primeira Capital nacional também foram percorridas e, como em Recife, o repertório intelectual de Selvino oferecia uma outra experiência urbana. Guardo uma foto dele sentado na plateia esperando que eu recebesse o prêmio. Um gesto de gentileza e humildade que poucas vezes presenciei. E sabia, também, naquele momento, o quanto era forte nosso vínculo.
Nosso roteiro prosseguiu em Porto Alegre no ano de 2012, quando foi palestrante de um evento organizado por Alex Branco Fraga, Yara Carvalho e eu. Andar à noite pelas ruas, bares e restaurantes da capital gaúcha é uma recordação sempre amistosa. Naqueles dias tive uma experiência incomum. Lembro que nas conversas, debates e, especialmente, durante sua fala fiquei recordando e vivenciando novamente o quanto ele foi importante para minha formação. Foi uma das raras vezes que me emocionei ao presenciar uma pessoa expondo seus argumentos.
Em Vitória, em 2015, foi nosso último encontro face à face. Eu estava na organização do Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte (CONBRACE) e não o acompanhei pela cidade, mas Lígia assumiu a tarefa e pôde compartilhar das experiências urbanas com o Mestre. Meus encontros com Selvino foram durante o evento e nas noites capixabas. Ele esteve três vezes em casa naqueles dias, três momentos festivos. Foi nosso último brinde.