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JOGOS OLÍMPICOS
BREVE IMAGEM DO PARASKATE
tinham por objetivo brincar e se divertir, opondo-se à ideia de um paradesporto terapêutico, corretivo de lesões, embora, possa trazer em seu discurso legitimador a defesa de que praticá-lo atua como possível “remédio” para a saúde mental.
Durante o evento as contradições foram brotando, como a presença de um profissional da prática, como é o caso de Vini, em meio a uma organização esportiva ainda pouco profissionalizada. Ou poderíamos melhor dizer, uma prática que está em processo de esportivização, especialmente no sentido da igualdade formal de chances para competição. Skatistas de diferentes idades, com diagnósticos de deficiência diversos, mas todos do gênero masculino (justificado pela ausência de inscrições de meninas/mulheres), disputando entre si. De um adolescente com síndrome de Down a adultos com deficiências físicas, este foi o elenco encontrado.
Observá-los em suas vivências da deficiência fez surgirem questionamentos: Como é possível atribuir notas a corpos que performam de maneiras tão diferentes?
Como comparar as manobras executadas pelo jovem que traz, possivelmente, a deficiência intelectual, com as realizadas pelos homens com amputação do tipo desarticulação do joelho ou desarticulação do quadril (entre outras)? Há equivalência performática quando uns fazem uso de próteses e outros as refutam? Quais os critérios estabelecidos para avaliar respostas tão desiguais, dada a pluralidade desses corpos que escapam à corponormatividade (Mello e Nuemberg, 2012)?
A tradição esportiva, atenta ao princípio de condições de igualdade, organiza atletas por categorias, levando em consideração idade (o que parece ser mais alargado no caso do skate), sexo e, algumas vezes, o peso corporal. No paradesporto, alguns parâmetros igualmente são estabelecidos, na busca de resguardar este equilíbrio entre quem compete. No entanto, o recém-nascido paraskate ainda é um errante ao defrontar-se com as exigências do mundo racionalizado (e burocratizado) dos esportes. Mundo este que lembra aos paraskatistas e sua equipe técnica, que ainda é preciso muito trabalho, treino, suor, voos e quedas para que esse esporte alcance o seleto panteão das modalidades Paralímpicas.
1 Importante destacar que apenas em 1988 os Jogos Paralímpicos passaram a usufruir da mesma estrutura construída para os Jogos Olímpicos, em Seul, um dos muitos indicativos de seu desenvolvimento em certo sentido à sombra do esporte convencional, enquanto variante, ou ainda, como esporte adjetivado, nesse caso, paradesporto, esporte paralímpico, esporte de pessoas com deficiência.