Embora o conjunto de esculturas de Calouste Gulbenkian seja mais reduzido, as obras que o colecionador adquiriu ao longo da sua vida demonstram ligações surpreendentes com as obras da coleção dinamarquesa. Os cruzamentos das duas coleções revelam-se não só nos escultores representados, mas também nos temas e nas próprias esculturas, considerando que, em mais do que uma ocasião, se podem encontrar diferentes versões da mesma obra com variações de escala ou de material.
Estas curiosas coincidências serviram de ponto de partida para esta exposição que agrupa uma seleção de trinta obras intemporais de alguns dos artistas que marcaram o século XIX em França, como Rodin, Carpeaux ou Dalou, agrupadas em 5 subtemas.
A ausência de Pose
Nem sempre se consegue perceber, se o modelo retratado posou realmente para o escultor.
Esta tarefa é mais difícil no caso das representações de crianças, que, naturalmente, têm mais dificuldade em manter a mesma posição durante muito tempo. Desta forma, as representações eram geralmente feitas com base nos filhos dos próprios artistas.
Contudo, quando não havia modelos vivos disponíveis, os escultores recorriam a manequins que podiam permaneciam em poses complexas por tempo indefinido, além de poderem ser posicionados de acordo com as necessidades dos artistas.
A figura acocorada
A representação da figura acocorada é conhecida desde a Antiguidade e utilizada em figuras femininas. Em muitas destas esculturas, os modelos parecem ter sido apanhados desprevenidos, cobrindo as áreas mais sensíveis do corpo.
Os escultores do século XIX inspiraram-se nas esculturas antigas, mas procuraram introduzir elementos novos. O tema da figura acocorada é comum na obra de Carpeaux, autor central deste núcleo. A sua Flora inspira-se em dois modelos antigos: a Vénus na toilette e a Vénus emergindo das ondas. Embora já existente esta combinação torna-se inovadora por ter sido pela primeira vez reproduzida em escultura.