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Porquê a escolha do curso de pintura? Tinhas outras opções em mente?

Tinha algumas outras opções em mente sim, mas tudo dentro das artes. Uma das minhas grandes opções era design de comunicação, visto que é uma área com muita saída hoje em dia. No entanto, sempre preferi pintura, sempre foi aquilo que me chamou mais e para a qual sentia que tinha mais aptidões, por isso, seria sempre uma boa aposta.

De onde surgiu a ideia de alugarem este espaço?

Todas nós sentíamos muito a necessidade de um espaço onde pudéssemos trabalhar nos nossos projetos sem problemas. Em nossas casas, há sempre o problema de não termos espaço para pormos as nossas coisas à vontade e tínhamos de ter imenso cuidado com a sujidade. Há sempre pinceis e tintas espalhados ou um copo que pode cair e a arte precisa dessa desarrumação. Neste espaço, mesmo que seja bastante pequeno (para o atelier foram emprestadas mais duas salas do mesmo tamanho) podemos estar à vontade.

Quais as maiores dificuldades que sentes no teu curso?

Essa é uma questão que dá muito para falar, dá-se muita importância ao projeto criativo e pode-se dizer que os professores não facilitam, são sempre bastante exigentes. A verdade é que acaba por ser muito difícil os outros interpretarem a nossa obra da mesma forma que nós quando a fizemos. Somos todos diferentes, pensamos de forma diferente, por isso, vemos as coisas de forma diferente também.

Quais pensas que sejam as perceções da nossa geração em relação às belas-artes (em especial para aqueles que não estudam qualquer tipo de arte)?

Acho que em primeiro lugar isto é algo que varia muito de pessoa para pessoa. Há muitas pessoas da nossa geração que acabam por estar muito ligadas à arte mesmo que não a estejam a estudar, através do seu gosto por música ou por cinema, e algumas pessoas as belas-artes também. Mas sim, de forma geral há um desinteresse das pessoas da nossa idade por belas-artes. Acho que a maioria a vê como algo um pouco antiquado e difícil de compreender e de apreciar, vêm como uma coisa para gerações mais velhas. Mas muito porque não conhece, não está habituado a ver e não é algo recorrente no dia-a-dia como a música e o cinema, mas isto é algo invertível, e os ateliês abertos como o nosso podem dar uma grande ajuda a isso.

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