Para além dos recursos dos quais a língua portuguesa indica, outros são poucos explorados, como os pronomes que exercem a função de construir uma rede de significados e entrelaçar porções ao longo da trama textual. Essa é uma questão que deve ser tratada no ensino e aprendizagem de línguas e deve estar atrelada aos objetivos de conhecimento das unidades linguísticas.
Conclusão
O quadro teórico que subsidiou a análise dos dados obtidos expõe que o ensino de tópicos gramaticais através dos textos / gêneros é possível mediante a exploração dos mecanismos de textualização que, por sua vez, estão intrinsecamente ligados aos outros componentes da arquitetura textual, mas que poderá ser estudado pela sua função de estabelecer coesão nominal e verbal e as conexões que se estabelecem desde a formação de sintagmas até a articulação de grandes blocos de texto. Sabemos, igualmente, que o ensino através de gêneros possibilita o desenvolvimento de capacidades de linguagem e, destacadamente, em virtude do foco de nossa pesquisa, da capacidade linguísticodiscursiva. Uma prática de ensino centrada no desenvolvimento das capacidades linguístico-discursiva dos alunos oferece suporte satisfatório para que estes compreendam como a língua portuguesa se comporta em situações de uso, principalmente no que diz respeito à gramática da língua. É importante que os alunos compreendam a função de observar e refletir sobre a língua em movimento nos mais diversos gêneros textuais, assim como as semelhanças e diferenças existentes entre a construção da estrutura de sua línguamãe e a estrutura da língua-alvo, considerando o propósito comunicativo envolvido e os efeitos de sentido que se quer atingir e como em língua portuguesa se pode agir linguisticamente para atingir um determinado objetivo durante a interação.
Acreditamos que o ensino de língua, tanto materna quanto estrangeira, deve ser destinado a preparar o aluno para lidar com a linguagem em suas diversas situações de uso e manifestações, atividades de linguagem, como refere Bronckart( 1999), pois o domínio de uma língua não se dá apenas em conhecimentos linguísticos isolados. Nesse sentido, a teoria do ISD tem muito a contribuir com o ensino de línguas, ao compreender que nos comunicamos produzindo textos( ação de linguagem) em formato de gêneros( atividade de linguagem), e por isso, os gêneros não devem ser um pretexto para o ensino de regras prescritivas, mas como uma abordagem que envolve a utilização produtiva dos elementos gramaticais em articulação a uma situação de ação específica.
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