(COM)POSSIBILIDADES:OS 50 ANOS DO MAIO DE 68 com-possibilidades_os_50_anos_do_maio_de_68 | Page 93

Pedro Antônio Gregorio de Araujo 1. Considerações introdutórias É de conhecimento comum que vivemos numa sociedade definida pelo seu modo econômico capitalista, isto é, uma sociedade cujos meios de produções econômicos são propriedade privada de uma metade da população que lucra sobre tal propriedade enquanto a outra metade tem que vender sua força de trabalho para poder sobreviver – burgueses e proletários. Estes se submetem àqueles pois não possuem outros meios para sua subsistência. São estas as duas classes que caracterizam o capitalismo desde sua gênese. No entanto, é necessário ter em mente que o capitalismo não é algo imutável e estático, muito pelo contrário, o capitalismo é um sistema onívoro que mastiga ideias – ideias que, nas suas origens, são subversivas – e regurgita as mesmas como um mero produto a ser vendido para continuar o fluxo do capital: esta é a característica fundamental do capital, ser algo, efetivamente, sem rosto, e ao mesmo tempo que não possui face ele possui todas elas em formato de máscaras, máscaras atrás de máscaras que apenas encobrem o conjunto vazio que o capitalismo é sem o fetichismo. Um conceito muito útil para a análise da sociedade de classes contemporânea é o conceito de sociedade do espetáculo avan- çado pelo teórico da Internacional Situacionista Guy Debord. Porém, para podermos analisar melhor este conceito necessita- mos fazer um estudo acerca de dois outros conceitos desenvol- vidos por dois filósofos inseridos na tradição marxista: o fetiche de mercadoria de Karl Marx e a teoria da reificação de Georg Lukács. Ambos foram muito influentes para o desenvolvimento intelectual do situacionista, e os três conceitos são observações de características inerentes da sociedade de classes. 92