(COM)POSSIBILIDADES:OS 50 ANOS DO MAIO DE 68 com-possibilidades_os_50_anos_do_maio_de_68 | Page 7

Apresentação Apresentação “O que queremos de fato, é que as ideias voltem a ser perigosas” 1 Pensar o maio de 1968 francês sempre foi e é uma tarefa pro- blemática. Independentemente se a análise do evento tenha sido feita no calor do momento ou posterior a ele, as dificuldades de lê-lo sempre foram ambíguas: é inegável que o movimento tenha provocado uma mudança na mentalidade da socieda- de internacional como um todo, pois os participantes carre- gavam ideais libertários, de justiça social. Bandeiras estas que alimentaram retroativamente os movimentos dos direitos civis americanos, deste mesmo ano, que propunham direitos iguais para homossexuais, negros e mulheres, além dos gritos de paz pedindo o fim da Guerra do Vietnã. O Maio de 68 repercutiu e ainda repercute em nível internacional, e não somente na po- lítica, mas também nas artes, na filosofia, nas relações afetivas: o movimento tropicalista, encabeçado por nomes da música popular brasileira como Caetano Veloso e Gilberto Gil, bebeu diretamente desta fonte. As Jornadas de Junho de 2013 no Brasil, embora tal comparação deva ser feita com bastante prudência, são outro exemplo de um movimento cuja inspiração pode ser traçada até 1968, pelo fato da descentralização e espontaneidade de ambos eventos. No entanto, é preciso admitir, as demandas feitas pelos estudantes franceses não foram atendidas, e, de fato, 1 6 INTERNACIONAL SITUACIONISTA. Situacionista: teoria e prática da revolução. Trad. Francis Wuillaume e Leo Vinicius, São Paulo: Conrad Editora do Brasil, 2002. p. 70.