(COM)POSSIBILIDADES:OS 50 ANOS DO MAIO DE 68 com-possibilidades_os_50_anos_do_maio_de_68 | Page 31

Teresa Cristina Schneider Marques Como consequência, observa-se na esquerda francesa a ado- ção de um novo repertório de ação, com destaque para as perfor- mances legais e prescritas pelo Estado. Dessa forma, a partir da década de 1970, o judiciário se torna uma arena política também para a esquerda nas lutas por direitos sociais, trabalhistas, etc. Assim, os partidos de esquerda participaram da ratificação da convenção europeia de direitos humanos e outras iniciativas que visavam institucionalizar os direitos individuais 61 . Fica claro que a partir da década de 1970 os movimentos po- líticos franceses passavam por grandes transformações e foram pioneiros na introdução de novos temas. A subjetividade, a es- pecificidade, a democracia participativa, entre outros, passam a fazer parte do confronto político francês. Além disso, novas formas de ação política passaram a ser adotadas, tais como a greve de fome e o judiciário. Dessa forma, percebemos que a França está entre os países que viram o nascimento dessa Nova Esquerda, que se transformou ao longo da década de 1970, ao deixar de ser uma esquerda armada para se tornar uma esquer- da alternativa que deu origem aos novos movimentos sociais (NMS). 5. Conclusões O movimento de maio de 1968 francês evidenciou a emer- gência de uma sociedade pós-industrial, marcada pelo enga- jamento de grupos em torno de uma identidade, um modo de vida, ancorados na defesa da autonomia do sujeito, permitin- do a emergência dos chamados “novos movimentos sociais” (NMS) 62 . Por outro lado, o ciclo não evoluiu para um processo revolucionário, uma vez que o governo francês conseguiu su- perar a fase do confronto em turbilhão e foi bem-sucedido ao limitar as transformações das estruturas no âmbito do Estado. No entanto, ainda que as demandas estudantis tenham sido 61 AGRIKOLOANSKY, 2005, p. 537. 62 TOURAINE, 1998. 30