Cidade Nova 5a4537ae25f16576780739pdf | Page 2

“Não se dialoga entre categorias, dialoga-se entre pessoas que têm categorias diferentes” insone, na minha cama, fazendo essa escolha. Porque eu não sabia o que tinha atrás deles, mas entendi que era uma escolha de vida. De manhã, quando me levantei eu tinha decidido: nunca mais eu quero ver aqueles caras, porque eu não estou com disposição para mudar os meus planos. Fui para a faculdade de tarde e tinha aula de um professor de direito constitucional, que era uma pessoa extraordinária, professor Pinto Ferreira. Ele era de esquerda, vinha gente de todos os cur­ sos assistir as aulas dele. E eu gostava muito dele. Naquele dia ele falava da Reforma Agrária que se tinha que fazer no Brasil. E era um assunto que me empolgava. Mas ele era violento, ele acha­ va que a mudança só poderia acontecer através de uma luta armada. E eu achava também. Mas naquele dia, aquelas coisas que ele ia dizendo se chocavam, dentro de mim, com o que eu tinha escutado no dia anterior, que era um discurso de amor, de paz. Rapaz, foi um momento incrível, de graça. Aí no meio da aula eu me levantei, peguei meus livros e fui embora. Assim começou a mi­ nha aventura com o carisma de Chiara. Como foi a presença dos primeiros focolarinos na região do Recife? Eles passaram aqui dez dias e em dez dias nas­ ceu uma comunidade: jovens, famílias, pessoas distantes, intelectuais, uma coisa extraordiná­ ria. E o fulcro de tudo era a vivência da palavra de Deus, a articulação do Evangelho na vida so­ cial, na vida da cidade, com os excluídos, com os pobres e por aí afora. Depois eles foram para o sul, São Paulo, Rio, Buenos Aires. E a comuni­ dade aqui não só se mantinha mas crescia. Com o testemunho­ mais pessoas chegaram. Eles que­ riam passar aqui antes de voltar à Itália, mas não Janeiro 2018 | Cidade Nova | 7 c