CECOA Impresso - 2018 CECOA Impresso - 2018 | Page 16

um conto de águas Na Cidade do Porto, há misteriosamente es- condida uma longa rede de águas fechadas, onde outrora esta mesma rede existia a céu ab- erto, se recuarmos aos tempos da Idade Média. O rio da Vila formava-se onde atualmente se sit- ua a Praça de Almeida Garrett com as águas de dois mananciais: Um manancial nascia por alturas da atual Praça do Marquês de Pombal, descia a céu aber- to através da Quinta do Laranjal (atual Avenida dos Aliados), passava pelo antiquíssimo Casal de Pai Novais, depois Campo das Hortas (a Praça da Liberdade dos nossos dias), alimentando hortas, alfobres e lavadouros. O outro tinha a sua origem nas elevações da Fontinha, descia por Fradelos, Bolhão, onde se lhe juntavam a água de um terceiro ribeiro; percor- ria o terreno que é na atualidade a Rua de Sá da Bandeira e juntava-se ao primeiro num local que podemos indicar como ficando mesmo em frente da estação de S. Bento, formando a partir daí o célebre Rio da Vila, onde a cidade depositava to- dos os seus dejetos, transformando-o num ver- dadeiro foco infecioso. É evidente que, durante muito tempo, as águas daqueles referidos ribeiros correram a céu aberto, sendo aproveitadas para rega de hortas e abastecimento de lavadouros. Por decisão municipal foi encanado em 1872. Em 1927, na Praça da Liberdade, na parte mais próxima da Praça de Almeida Garrett, junto à Es- tação de São Bento, realizaram-se importantes obras destinadas à instalação de um enorme co- letor. Esses trabalhos puseram a descoberto in- úmeras galerias subterrâneas, algumas por onde passariam os tais ribeiros, que durante algum tempo ficaram a céu aberto expostas à curiosi- dade pública. Sobre essas galerias teceram-se as mais imaginosas considerações atribuindo-lhes, segundo uma curiosa crónica do tempo, “funções clandestinas de intercomunicações para os nu- merosos conventos de frades e de freiras que por ali existiam”. Há um projeto de Musealização da Galeria do Rio de Vila, que as Águas do Porto pretendem de- volver à cidade. A parte que está considerada, corre entre a Es- tação de S. Bento (Junto ao Metro) e o Largo de São Domingos, passando pela Rua Mouzinho da Silveira. Pretende-se tornar acessíveis 350 metros que correm por baixo e onde, segundo a empre- sa, é possível encontrar vestígios desde a época Romana até à atualidade, apresentando mais uma “peça” da Cidade. Segundo as Águas do Porto, o Rio da Vila é de uma grande importância, para dar a conhecer ao publico em geral, às escolas, aos turistas e visi- -tantes, alavancado complementarmente o conhecimento e a interpretação da evolução do espaço urbano do Centro Histórico do Por- to, atendendo que encontra-se em galeria que, maioritariamente, é constituída por hasteais e abóbada em pedra granítica apresentando em si uma beleza histórica, cultural e patrimonial. Considera-se assim, tornar pela sua originali- dade, mais um fator de atração, com a possibili- dade de vir agregar todos os percursos subterrâ- neos de tipologia idêntica existentes na cidade.