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1.ª EDIÇÃO 2018
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fazia infelizes os meus pais, porque aquilo era muita barulheira lá em casa, da mesma maneira que o meu filho também fazia, pois ele era baterista, e quando eu estava em casa o barulho era muito. Há até um episódio engraçado sobre o primeiro concerto dele, que eu fui ver em frente às Laranjeiras. Era uma música de que eu gostava e vi-o a atuar com um fato e pensei: "Por que raio é que aquele rapaz nunca anda de fato e agora está a atuar de fato?" E então ele atirava-se para o chão e depois, no fim, vim a saber que o fato era meu, o meu único fato (muitos risos). De qualquer modo, eu gosto muito de música e o meu músico preferido foi o Frank Zappa, que vocês não conhecem, e que fazia quatro a cinco álbuns por ano, e cujas músicas e letras eram muito satíricas. O seu estilo ia desde o hard rock, passando pelo reggae até ao jazz, sendo, desde sempre, o músico de que mais gostei.
Best of Frank Zappa - Compilation
Margarida Marques: Por que é que o nome do Colégio é Castanheiro. Tem algum significado especial?
João Miranda: Sim, tem. A escola chama-se Castanheiro porque quando os fundadores adquiriram o terreno, pensaram em vários nomes, como colégio do Atlântico, mas depois esse nome estava já registado. No dia em que viemos visitar o terreno, vimos o castanheiro e aí dissemos que seria um bom nome para darmos ao colégio e assim ficou escolhido.
Luísa Nunes: E o Dr. João pensou sempre em ser diretor ou pensou que ficaria apenas por ser professor?
João Miranda: Quando se pensou em fazer um colégio, que é um sonho muito antigo, eu nunca pensei quais seriam as minhas funções, apenas tinha pensado e idealizado fazer um colégio. Depois, como eu sou também da parte pedagógica, fui eu que acabei por fazer todo o projeto pedagógico e acabei por ficar como diretor pedagógico, mas também como professor de Matemática.
António Menezes: E, mudando de tema, qual é a sua cor favorita? (risos)
João Miranda: A minha cor favorita não tem só a ver com o Sporting. Eu gosto muito do verde por causa da cor da paisagem (risos). Por exemplo, os meus testes são corrigidos a verde, porque eu acho que é uma cor mais pedagógica, ao contrário do vermelho que é uma cor menos pedagógica, mais chocante. Mas também gosto do verde porque é a cor que mais uso na roupa. Todavia, não gosto de carros verdes.
Luísa Nunes: E o que é que sente quando vê a cor verde?
João Miranda: Sinceramente eu agora associo ao Sporting… e estou sempre a falar no Sporting, tornei-me viciado, mas quando era mais novo não.
António Menezes: E gosta de comer na cantina do Colégio? (risos)
João Miranda: Eu como cá todos os dias e não me posso queixar. Como vocês devem calcular, nem sempre os pratos são aqueles que gostaríamos, mas pelo menos temos escolha. Quando eu tinha a vossa idade, tinha de comer uma ou duas vezes na cantina e, quando vim para a Universidade, tive de comer todos os dias na cantina. E não tínhamos opção, só tínhamos um prato, e quando não gostávamos tínhamos de comer a sopa. Aqui no Colégio há opções.
António Menezes: E qual é o seu prato favorito?
João Miranda: Eu gosto muito da feijoada, gosto da sopa de tomate que cá fazem e gosto de chicharros com aquele molho que faz mal, mas do qual eu gosto tanto.
"Eu nunca gostei de Francês."
António Menezes: Quando tinha a nossa idade, qual era a sua disciplina favorita?
João Miranda: Eu não me lembro de ter uma disciplina favorita, mas quando comecei o 10.º ano comecei a gostar muito de Introdução à Política, porque naquela altura houve uma Revolução e por isso falava-se muito em política, e havia muito o sonho de mudar tudo através da política e, como tal, gostava muito dessa disciplina. No regime anterior não havia política nem se falava nela. Na Revolução era uma novidade. Paralelamente, sempre gostei de Matemática, não sendo a disciplina principal ou favorita.
António Menezes: E tinha alguma disciplina de que não gostava nada?
João Miranda: Isso dependia muito do professor e dependia muito da escola, mas eu nunca gostei nada do Francês, aliás nunca fui muito dado a línguas.
Margarida Marques: Qual a sua maior alegria até ao momento?
João Miranda: Isso é muito difícil de quantificar. Eu julgo que o nascimento do meu primeiro filho foi uma grande alegria. Mas como tenho quatro filhos, também as outras foram alegrias. Com o nascimento das gémeas, caso pouco comum, fiquei também muito feliz.
Margarida Marques. Por que é que quis ser professor de Matemática?
João Miranda: Eu escolhi ser professor porque sempre quis perceber as coisas para explicar às pessoas. O primeiro sinal de que eu ia ser professor, de que eu gostava realmente disto, foi quando eu tinha a vossa idade, mais ou menos 14 anos, e também pelo facto de me ter oferecido para dar explicações e aulas no tempo da Revolução. Assim, mesmo não tendo ainda maturidade, comecei a perceber que tinha perfil para explicar coisas às pessoas. Primeiro, tinha de perceber aquilo que tinha de explicar. Nunca consegui explicar nada que não percebesse. Podia tentar, mas não conseguia e depois vi que tinha gosto por aquilo que fazia, que era contribuir para que alguém tivesse um maior conhecimento. Mais tarde apurei isso, quando no secundário muitos colegas vinham ter comigo para tirar dúvidas. Alguns até tinham melhores notas do que eu e cheguei à conclusão de que sabia explicar as coisas. Por essas razões, escolhi o curso de via ensino. Por outro lado, ensinar é um desafio permanente.
Entretanto, a entrevista terminou. Mas o Diretor ainda falou um pouco mais.
Vamos ler…
João Miranda: Para terminar, gostaria de dizer que gostei muito da entrevista, as perguntas estão muito giras, porque saem daquilo que é o comum. Desejo a todos vocês e ao professor Luís Almeida o maior sucesso no Clube de Jornalismo, porque é uma das necessidades que temos no Colégio. Tivemos em tempos uma coisa que se chamava Equipa de Reportagem, que funcionou pouco, mas agora é preciso que jovens como vocês, tirem um pouco da sua disponibilidade para fazer esse projeto, colocando em cima da mesa alguns conhecimentos que vocês têm e divulgar às pessoas aquilo que é importante, como curiosidades a que as pessoas não ligam. Por isso, os meus parabéns!
António Menezes 8.º 1
Luísa Nunes 8.º 2
Margarida Marques 8.º 2