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1.ª EDIÇÃO 2018
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Entrevista ao Diretor Pedagógico, Dr. João Miranda
Num dia de sol, estavam três alunos nervosos à espera de serem chamados para fazer uma entrevista com o Diretor Pedagógico, Dr. João Miranda. Dirigiram-se à sala e lá estava ele: tom sereno, olhar calmo e convidou-os a sentar. Os alunos sentiam-se em pulgas e tomaram cada um o seu lugar nas cadeiras. A entrevista começou com nervos à flor da pele, mas à medida que a conversa decorria, foram ficando mais descontraídos. Pelo meio, houve vários risos e muita troca de ideias, como se, entre o Diretor Pedagógico e os alunos, não existissem barreiras. No final, foi um êxito: aquilo que inicialmente parecia assustador, acabou por ser uma tarde de troca de experiências e aprendizagens. E, claro, foi a primeira entrevista do Clube de Jornalismo!
Luísa Nunes: Boa tarde, Dr. João Miranda. Hoje gostaríamos de lhe fazer algumas perguntas. Tem algum hobby, e, se sim, qual o seu favorito?
João Miranda: Ora muito bem, o meu hobby, se é que se pode chamar hobby, é ver futebol. (risos)
Luísa Nunes: E porquê?
João Miranda: Sou viciado em futebol. Primeiro porque gosto de futebol, segundo porque eu sou do Sporting e, como o Sporting leva sempre muito tempo para conquistar um título, isso faz com que eu fique sempre na esperança de ganhar no ano seguinte e de marcar mais no futebol. Se se pode chamar um hobby, o meu hobby é futebol.
Luísa Nunes: E por que é que apoia o Sporting?
João Miranda: Há coisas que não mudamos ao longo da vida e escolhemos porque alguém nos influenciou. Eu tive um tio que era um sportinguista ferrenho, o meu pai também era sportinguista e julgo que por isso é que sou do Sporting. Eles eram mais felizes do que eu porque na altura o Sporting ganhava muitas vezes. Agora não…
Luísa Nunes: E qual seria a sua viagem de sonho?
João Miranda: Esta é uma pergunta muito, muito, muito pertinente. A minha viagem de sonho era fazer uma volta ao mundo. Mas como nunca vou conseguir fazê-la, a minha viagem de sonho é percorrer África de carro. África é o continente de que eu mais gosto.
António Menezes: Gosta de animais e, se sim, de cães ou de gatos? E de que raças?
João Miranda: Gosto de animais, sempre gostei de animais. Comecei por gostar muito de cães. Sempre tive cães, já não sei quantos tive. Ultimamente comecei-me a afeiçoar aos gatos. Tenho um gato, que é o Hambúrguer, mas antes tive a Felícia e ela teve filhos, sete filhas, e a minha filha mais velha deu o nome a todos os gatos a começar por F e eu já não me lembro de nenhum (risos). Mas tenho o Hambúrguer, que é um gato muito giro. Tenho 3 cães: um dálmata, um golden-retriever e um labrador. Sempre tive cães. A raça de que gosto mais… Eu gosto de todos os cães. Já tive rafeiros, sem raça apurada, e foram cães que eu adorei…
António Menezes: São os que vivem mais tempo...
João Miranda: É, e são muito meigos e isso tudo, portanto, aqueles que tenho são aqueles de que gosto.
António Menezes: Se tivesse de escolher um animal do Parque Ambiental, qual escolheria?
João Miranda: Se tivesse que escolher um animal do Parque Ambiental, escolheria aquele cão que está lá, o cão de fila. O nome agora também não me ocorre (risos). Vocês lembrar-se-ão melhor do nome do cão?
António Menezes: Não era Bobby? (risos)
João Miranda: Não me parece que seja Bobby e vocês já repararam que ele veio tão pequenino que eu conseguia pegar nele ao colo, mas agora não consigo e é ele quem me pega ao colo?
"Trabalho por paixão"
António Menezes: Gosta do que faz, trabalha com paixão, ou…?
João Miranda: Eu trabalho por paixão. Aliás, muitas pessoas dizem que eu trabalho muito, pelo que muitas vezes não noto o volume do trabalho porque gosto do que faço. E como gosto do que faço, não costumo sentir aquele cansaço, como se fizesse alguma coisa que não gostasse.
António Menezes: Ainda joga aqueles jogos da infância?
João Miranda: Estás a falar de jogos sem ser vídeojogos?
António Menezes: Sim, à bola, por exemplo…
João Miranda: Se fosse jogar à bola hoje teria de ter uma ambulância ao pé do campo de futebol para ir para os cuidados intensivos logo na primeira corrida (risos). Já não tenho preparação física para isso, mas gostava muito de jogar à bola. De qualquer modo, eu gosto muito de vídeojogos e dos jogos da minha infância. O único que continuo a jogar é o PacMan, que vocês devem conhecer, e, de vez em quando, gosto de jogar jogos bélicos, apesar de eu ser cem por cento contra a guerra, mas este tipo de jogo é estratégico. Aliás, contrariamente ao que muitas pessoas dizem, há um estudo que mostra que os jogos de estratégia fazem muito bem ao cérebro e desenvolvem muitas competências. Há empresas que contratam pessoas que jogam muitos desses jogos por serem pessoas desenrascadas.
Margarida Marques: Qual o seu tipo de música favorita?
João Miranda: Eu comecei por gostar muito de rock, heavy metal e hard rock. Depois, com a idade, nós vamos mudando os gostos. Tenho um filho que é músico e que também gostava muito de heavy metal e hard rock. Aí comecei a perceber que fazia infelizes os meus pais, porque aquilo era muita barulheira lá em casa, da mesma maneira que o meu filho também fazia, pois ele era baterista, e quando eu estava em casa o barulho era muito. Há até um episódio engraçado sobre o primeiro concerto dele, que eu fui ver em frente às Laranjeiras. Era uma música que eu gostava, e vi-o a atuar com um fato, e pensei por que raio é que aquele rapaz nunca anda de fato e agora está a atuar de fato, e então ele atirava-se para o chão, e depois no fim vim a saber que o fato era meu, o meu único fato (muitos risos). De qualquer modo, eu gosto muito de música, e o meu músico preferido foi o Frank Zappa, que vocês não conhecem, e que fazia quatro a cinco álbuns por ano, e cujas músicas e letras eram muito satíricas. O seu estilo ia desde o hardrock, ao reggae, o jazz, sendo desde sempre o músico que eu mais gostei.
Margarida Marques: Porque é que o nome do Colégio é Castanheiro, tem algum significado especial?
João Miranda: Sim, tem. A escola chama-se Castanheiro porque quando os fundadores adquiriram o terreno, pensaram em vários nomes, como colégio do Atlântico, mas depois esse nome estava já registado. No dia me que viemos visitar o terreno, vimos o castanheiro e aí dissemos que seria um bom nome para darmos ao colégio, e assim ficou escolhido.
Luísa Nunes: E o Dr. João pensou sempre em ser director ou pensou que ficaria apenas por professor?
João Miranda: Quando se pensou em fazer um colégio, que é um sonho muito antigo, eu nunca pensei quais seriam as minhas funções, apenas tinha pensado e idealizado em fazer um colégio. Depois como eu sou também da parte pedagógica, fui eu que acabei por fazer todo o projecto pedagógico e acabei por ficar como director pedagógico, mas também como professor de Matemática.
António Menezes: E, mudando de tema, qual é a sua cor favorita? (risos)
João Miranda: A minha cor favorita não tem só a ver com o Sporting. Eu gosto muito do verde por causa da cor da paisagem (risos). Por exemplo, os meus testes são corrigidos a verde, porque eu acho que é uma cor mais pedagógica, ao contrário do vermelho que é uma cor menos pedagógica, mais chocante. Mas também gosto do verde porque é a cor que mais uso na roupa. Todavia não gosto de carros verdes.
Luísa Nunes: E o que é que sente quando vê a cor verde?
João Miranda: Sinceramente eu agora associo ao Sporting… e estou sempre a falar no Sporting, tornei-me viciado, mas quando era mais novo não.
António Menezes: E gosta de comer na cantina do Colégio? (risos)
João Miranda: Eu como cá todos os dias e eu não posso queixar-me. Como vocês devem calcular, nem sempre os pratos são aqueles que gostaríamos, mas pelo menos temos escolha. Quando eu tinha a vossa idade, tinha de comer uma ou duas vezes na cantina e quando vim para a Universidade tive de comer todos os dias na cantina. E não tínhamos opção, só tínhamos um prato, e quando não gostávamos tínhamos de comer a sopa. Aqui no Colégio há opções.
António Menezes: E qual é o seu prato favorito?
João Miranda: Eu gosto muito da feijoada, gosto da sopa de tomate que cá fazem, e gosto de chicharros com aquele molho que faz mal, mas que eu gosto tanto.
"Eu nunca gostei de Francês"
António Menezes: Quando tinha a nossa idade, qual era a sua disciplina favorita?
João Miranda: Eu não me lembro de ter uma disciplina favorita, mas quando comecei o 10º ano comecei a gostar muito de Introdução à Política, porque naquela altura houve uma Revolução e por isso falava-se muito em política, e havia muito o sonho de mudar tudo através da política, e como tal gostava muito dessa disciplina. No regime anterior não havia política nem se falava nela. Na Revolução era uma novidade. Paralelamente sempre gostei de Matemática, não sendo a disciplina principal ou favorita.
António Menezes: E tinha alguma disciplina que não gostava nada?
João Miranda: Isso dependia muito do professor e dependia muito da escola, mas eu nunca gostei nada do Francês, aliás nunca fui muito dado a línguas.
Margarida Marques: Qual a sua maior alegria até ao momento?
João Miranda: Isso é muito difícil de quantificar. Eu julgo que o nascimento do meu primeiro filho foi uma grande alegria. Mas como eu tenho quatro filhos, também as outras foram alegrias. O nascimento das gémeas, caso pouco comum, fiquei também muito feliz.
Margarida Marques. Porque é que quis ser professor de Matemática?
João Miranda: Eu escolhi ser professor porque sempre quis perceber as coisas para explicar às pessoas. O primeiro sinal de que eu ia ser professor, de que eu gostava realmente disto, foi quando eu tinha a vossa idade, mais ou menos 14 anos, e também pelo facto de me ter oferecido para dar explicações e aulas no tempo da Revolução. Assim, mesmo não tendo ainda a autoridade, comecei a perceber que tinha perfil para explicar coisas às pessoas. Primeiro tinha que perceber aquilo que tinha de explicar, nunca consegui explicar nada que não percebesse, podia tentar mas não conseguia, e depois vi que tinha gosto por aquilo que fazia, que era contribuir para que alguém tivesse um maior conhecimento. Mais tarde apurei isso, quando no secundário muitos colegas vinham ter comigo para tirar dúvidas, alguns até tinham melhores notas do que eu, e cheguei à conclusão que eu sabia explicar as coisas. Por essas razões, escolhi o curso de Via Ensino. Por outro lado, ensinar é um desafio permanente.
(Entretanto, a entrevista terminou. Mas o Diretor ainda falou um pouco mais. Vamos ler…)
João Miranda: Para terminar, gostaria de dizer que gostei muito da entrevista, as perguntas estão muito giras, porque saem daquilo que é o comum. Desejo a todos vocês, e ao professor Luís Almeida, o maior sucesso no Clube de Jornalismo, porque é uma das necessidades que temos no Colégio. Tivemos em tempos uma coisa que se chamava Equipa de Reportagem, que funcionou pouco, mas agora é preciso que jovens como vocês, que tirem um pouco da sua disponibilidade para fazer esse projeto, colocando em cima da mesa alguns conhecimentos que vocês têm e divulgar às pessoas aquilo que é importante, como curiosidades que as pessoas não ligam. Por isso os meus parabéns!
CLUBE DE JORNALISMO
António Menezes (8º 1)
Luísa Nunes (8º 2)
Margarida Marques (8º 2)