Catálogo Cine FAP Primeiro Semestre de 2017 | Page 5

Fevereiro/2017 20/02/2017 Flammes, de Adolfo Arrieta (Flammes: FRA, 1978 - 86 min.) Desde criança, a jovem Barbara sonha com as visitas noturnas de um misterioso bombeiro. Crescer não interrompe sua imaginação nem a impede de assumir um enlace amoroso com este fantasma que ninguém mais vê. Recusando-se a sair de seu quarto, reclusa de todo convívio social e familiar, ela terá de aprender o equilíbrio para jogar com os desejos e a realidade. Trecho do texto: “Adolfo Arrieta: Da Féeri das Matérias”, por Luiz Soares Íntegra: http://elumiere.net/exclusivo_web/acontecimientos13/01_web/65_ac2013_SOARES.ph p Os filmes de Adolfo Arrietta são constelações impressionistas, onde as vibrações da duração as intermitências do gesto se coagulam em imagens frágeis, cintilantes, na iminência de desaparecer. O cinema, ao contrário da fotografia, é uma experiência fantasmagórica, pois sua urdidura é tecida de tempo: os filmes de Arrietta exploram a evanescência e a descontinuidade próprias à radical finitude do plano cinematográfico. Os seus anjos são aparições hipnagógicas, como as que nos assaltam no interstício vacilante entre a vigília e o sonho: qual o verdadeiro status ontológico da imagem cinematográfica? Alucinação, istmo de pulsão, flash mnemônico? Que espécies de fenômenos intersticiais, infra e supra-fenomenológicos, o cinema pode dar-se o luxo de restituir- que delírios jazem no veio da matéria, que vidências a massacram? Na vertigem entrevista pelo encadeamento elíptico da montagem, o Acaso aloja-se na percepção e determina as combinações, as cartadas, os lances deste jogo onde o olho se deixa habitar pelo Divino, a diegese e o raccord fraturar pelas anfractuosidades da impressão e do Desejo. «Poder-se-ia crer, vendo apenas um ou dois desses filmes, que Arrietta se empenha nos diálogos, no que se diz e no que se troca. Errado: ele os utiliza apenas como encantamentos que joga ao acaso. Os significados são piões, os diálogos simples lances de paciência ( e os personagens as peças, com frequência vestidas de anjos), de um grande jogo misterioso que não é conduzido pelo destino, por Deus ou por uma ideologia, mas pelos componentes tangíveis de uma concepção enigmática do cinema de que Arrietta busca há anos, a cada filme, emitir novas provas. Ele flertam com um número incalculável de sombras que nos encantam, mas que escapam a quaisquer que tentam convertê-las em objetos». ( Jean-Claude Biette).