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Carta do povo São Paulo, quinta-feira, 22 de novembro de 2018
apoio ou mais impedimento
dos órgãos militares?
GN:
Não!
Nada
foi
liquidado. O que nós
fizemos foi levantar o lençol
e mostrar o que tinha
embaixo. Por exemplo, o
caso
Juscelino:
Nós
praticamente provamos que
o Juscelino foi assassinado.
Aí os militares foram em
cima e desmentiram o nosso
relatório. Mas eu tenho
absoluta certeza de que ele
foi morto. Nós conseguimos
mostrar a verdade. Esse era
o
objetivo.
Nós
aprofundamos muito o
debate na nossa comissão. É
só ler o livro! Então, quer
dizer, resolver os casos, não.
A gente apontou. Tá tudo
provado no livro. Nós não
fechamos nenhum caso. Nós
apontamos os caminhos,
todos com provas muito
bem feitas. Trabalhamos
muito! O livro mostra coisas
que a gente só ouvia falar.
Os órgãos militares ficaram
muito bravos com a gente.
Eu recebi diversas ameaças.
Bati boca com o pessoal do
Ustra
e
com
ele,
pessoalmente, em Brasília.
Mas nós seguimos. Eu não
fui radical com ninguém.
Ouvimos todos os lados e
fomos
costurando
a
verdade. Saímos bem e
vivos, o que é importante.
CP:
Essas
eleições
presidenciais, queiramos
ou não, são minimamente
intrigantes, uma vez que
tivemos a candidatura do
Ex-Presidente
Lula
indeferida e o mesmo
encontra-se encarcerado. É
possível traçar uma linha
de convergência entre o
período ditatorial e o
momento em que estamos
vivendo?
GN: Não vejo isso. O Lula
foi condenado por um juiz
de primeira instância. Um
juiz sério, íntegro. O Lula
tem mais cinco processos,
além desse. Agora foi
condenado, de novo, em
Brasília,
em
primeira
instância. Eu vi o PT roubar!
Eu denunciei as ciclovias do
Haddad. Eu vi a Marta
roubar e denunciei várias
vezes. Não é que eu ouvi
falar. Eu vi gente que era
pobre como eu enriquecer.
Eles fizeram da política
trampolim econômico pra si
e pro partido. Ladrão, no
Brasil, tem desde que o
primeiro português veio pra
cá. Agora, montar uma
quadrilha entorno de um
governo? O PT se organizou,
junto com pessoas de outros
partidos,
principalmente
deste centrão aí, que são
ratos, e estão todos eles
sendo presos. Tem muito
ladrão no Brasil, mas igual o
PT fez, de organização e
profundidade, eu nunca vi
na minha vida. E eu não
gosto de ladrão. Eu saí do
governo Dória, mandado
embora por ele, porque eu
desmanchei uma máfia de
licenciamento ambiental em
São Paulo, na Secretaria do
Verde. Então, não é dizer
que “só vai no PT”. Eu
denuncio a roubalheira de
qualquer um. Eu não tenho
ladrão
de
estimação.
Roubou, eu quero que
julgue, condena e prenda,
seja quem for, de qualquer
partido.
“O PT quis transformar
a prisão do Lula numa
prisão política. Eu não
vejo isso. ”
Por Yuri Dinalli
Será possível a
cada quatro anos
um 7X1 diferente?
.Crônica análise do 2º
turno das eleições
A noite do dia 28 de outubro
era idêntica ao final da
partida Brasil X Alemanha
de 2014. Apesar do fato
antigo e “superado”, não há
como negar que a euforia do
lado esquerdo, somada ao
medo e à insegurança do
lado direito, trazia um
sentimento nostálgico.
Independentemente
das
torcidas, era lindo de se ver,
aquela coisa de “política e
religião não se discutem”
sendo totalmente ignorada e
os brasileiros com seus
diálogos,
que
sempre
passavam longe do assunto,
durante três meses, se fez
presentes
-
e
muito
presente,
diga-se
de
passagem.
Era possível escutar sobre
política no mercado, na
escola, na farmácia, até na
igreja
tinha
gente
comentando. A propósito, a
religião também apareceu
no meio disso tudo. Às 19
horas, no horário de
Brasília, quando a televisão
anunciava o início, em rede
nacional, o senador Magno
Malta (PR), puxava a
corrente de oração, como se
fosse o Hino Nacional antes
da batalha: “E conhecereis a
verdade, e a verdade vos
libertará” – João 8:32.
Achei bonito? Achei, só não
encontrei a hegemonia que
o capitão sempre pregava
em seus discursos. Sem
esquecer do “Felipão” da
vez, chamado Jair Messias
Bolsonaro (PSL), um militar
da reserva, político e agora
presidente, que em sua
escalação, colocou na defesa
a Segurança Pública e no
escanteio
grupos
que
defendem a liberdade de
gênero.
Enquanto o clima ali dentro
era de comemoração e
felicidade, do lado de fora,
parecia briga de torcida,
todo mundo gritava, mas
ninguém escutava. Havia
grito da esquerda e choro da
direita.
Enquanto
uns
aplaudiam,
pulavam
e
cantavam, outros rangiam
os dentes e enxugavam as
lágrimas.
No meio disso tudo, ali eu
estava sendo representada
por aqueles seguranças que
“assistem” o jogo de costas,
praticamente um cego,
acompanhando
o
movimento da torcida, mas
sem
demonstrar
sentimento, aflita para
saber qual era o resultado
do jogo. Eu e mais 200
milhões de torcedores à
espera de um resultado.
Entretanto, diferente do
jogo Brasil X Alemanha, ou
de qualquer outra disputa
de torcidas, esse não acaba
em 90 minutos. Seu
resultado vem chegando
gradativamente, até 2022. E
aí eu te pergunto: “será que
dá tempo de o Brasil dar a
volta por cima ou precisará
de acréscimo? ”.
Por Camilla Correa