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Cidade ou desigualdade?

Todo ano, a população mundial cresce, e a maioria se concentra nas áreas urbanas do mundo todo e, isto causa um crescimento desordenado em países de terceiro e segundo mundo principalmente, um exemplo seria a cidade de São Paulo, que conta com altas taxas de desemprego, desigualdade social, furtos, moradores de rua, etc.

O autor Francisco de Oliveira comenta sobre a gigantesca prática da autoconstrução de moradias ilegais e diz que ela está ligada ao rebaixamento do custo da força de trabalho, que faz com que os trabalhadores utilizem seus finais de semana para construção de sua própria moradia.

A cidade é o resultado da força de trabalho do homem, que trabalha todos os dias e, aos poucos vai construindo seu estabelecimento em seus horários de “folga”, e isso pode resultar em um ambiente mal planejado, pois não são todas as pessoas que entendem de infraestrutura, e onde e porquê algo deve ser feito de certa maneira. As nossas cidades atualmente contam com exemplos de construções planejadas e construídas com excelência, e também há exemplos de casas/edifícios construídos às pressas, as famosas favelas e alguns bairros de periferia, o que resultam em construções com altos riscos, que além de deixar a cidade com uma aparência pobre, fazem com que os preços dos imóveis na região sejam baixíssimos. É importante ressaltar que a maioria das residências situadas nas regiões de periferia ou nas favelas são de trabalhadores das categorias mais exploradas (operários de obra por exemplo).

Isto é resultado da famosa especulação mobiliária, isto é, uma casa tem sua renda determinada a partir de alguns atributos que podem ser da própria residência ou de sua redondeza, resultando em residências pequenas em bairros nobres com valores muito mais altos do que de residências bem maiores em bairros de periferia. Podemos relacionar esse fato com a teoria de Marx, onde há conflitos entre o valor de troca da cidade mercadoria e o valor de uso da cidade. Há outros conflitos também como a constante “briga” entre o capital geral e o capital imobiliário e as divergências entre proprietários de imóveis e o capital imobiliário, entre outros.

Esta disputa entre capitais não ocorre somente entre capital imobiliário e geral, mas também entre investimentos em circulação de automóveis ou investimentos para o transporte público, e todos esses fatos vêm de um contexto histórico, desde quando se iniciou o processo de urbanização, onde trabalhadores que vinham para a cidade todos os dias trabalhar em construções da cidade optaram por construir moradias mais próximas à seus locais de trabalho, resultado em uma construção desordenada e não fiscalizada desde o início de todas as cidades e, muitos países (incluindo o Brasil) não fazem muitos investimentos para a melhoria da infraestrutura da cidade como todo, e sim apenas em pontos específicos.

Uma possível solução para o problema seria melhorar os níveis de educação em relação a infraestrutura e conhecimentos gerais de estabelecimentos, fazer investimentos nas áreas mais pobres das cidades para buscar uma melhoria nas condições de vida das pessoas, na estética do bairro e, no valor do capital imobiliário da região, incentivar um crescimento linear/horizontal na cidade, baixar os preços de moradias em bairros mais desenvolvidos e, motivar as pessoas a trabalharem para possuírem uma moradia de maneira legal, sem riscos e sem comprometimentos. Seria necessário fazer também uma reforma geral na cidade, derrubando construções de risco e planificando as regiões para receberem novos imóveis.

Por Igor Galdeano

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