Urbanize a crise
A cada dia que se passa, a população nas áreas urbanas cresce exponencialmente de forma desordenada, causando assim, uma série de problemas como o aumento de pessoas desabrigadas, o desemprego, a criminalidade e violência entre outros fatores que formam o que chamamos de cidade grande.
A existência das cidades precede o capitalismo desde o século XXI quando o mundo passou a ser predominantemente urbano e acompanhar as diferentes mudanças do sistema de produção capitalista, desde o colonial-industrial até o capitalismo imperial de hoje em dia como dito por Erminia Maricato no livro “Para entender a crise urbana”. Justifica-se este crescimento de forma desordenada em São Paulo, pela grande influência da política do rodoviarismo que teve seu auge durante o governo de Juscelino Kubitscheck, pelos dois êxodos rurais mais marcantes no Brasil na década de 1960 e 1980, e a falta de planejamento para recepção destes novos habitantes do meio urbano por parte dos governantes como é dito pelo senso comum.
Mas afinal, o que esta urbanização desordenada interfere nas nossas vidas? A priori como já citados os problemas que todos já estão exaustos de ouvir falar, como o desemprego, a fome, a falta de moradias e educação que acabam sendo acentuados em nossa sociedade pela imensurável desigualdade social e a falta de infraestrutura, além da alienação que se gera pela dependência cultural e a mídia como maquina ideológica produzindo mercadorias como estratégia de controle social como citado por Adorno e Horkheimer na “Dialética do Iluminismo” que age como um entorpecente das massas de baixa escolaridade; através destes fatores, o crime e a violência começam a ganhar e disputar espaço com o crescimento urbano como podemos ver nas regiões do centro antigo de São Paulo como por exemplo, a chamada vulgarmente Cracolândia, que abrigava antigamente cerca de 2 mil usuários de droga segundo estimativa do Denarc em (Divisão Estadual e Narcóticos) em 2011, além dos moradores de rua que frequentavam a região para dormir e se abrigar, pode exemplificar o precário planejamento urbano e social que temos na cidade pois após a intervenção policial com apoio político estes apenas se espalharam pelas regiões do centro.
Em suma para que estes problemas tenham uma solução cabível deve-se ter o papel da sociedade e do Estado agindo em comum sinergia, o processo de urbanização desordenado é algo que não pode ser freado, porem seus impactos podem ser minimizados com posturas conscientes e de ambas as partes. Portanto ao Estado cabe tomar medidas que priorizem o bem-estar da população como promover uma maior segurança para as pessoas nas ruas, investimentos em educação e tecnologia para que haja maior conscientização e pensamento crítico por parte da população, regulamentação e supervisão do uso e ocupação além da promoção de campanhas que chegam a ser repetitivas de tão citadas. Por outro lado, cabe a população a conscientização, a busca por conhecimento e participação política para que possam assim reivindicar por seus direitos e garantir a luta de classes segundo registros de Karl Marx, a fim de que o meio urbano de maneira utópica se organize e seja distribuído igualmente a todos.
Por Gustavo Yokomizo
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