Caderno de resumos do VII Seminário Temático Filosofia Ética e Políti Jun. 2016 | Page 31

Resistência pelo direito: uma leitura a partir de Giorgio Agamben Walter Marquezan Augusto* O presente resumo apresenta uma intenção de pesquisa na área de Filosofia do Direito e visa discutir uma possível leitura do pensamento de Giorgio Agamben, tomando por objeto o que o autor chama por “Resistência”. Justifico a escolha do tema na inquietação que me causa a separação feita pelos juristas contemporâneos entre Direito, Política e exercício de poder. Admitindo a tese de Agamben sobre o Poder Soberano e o Estado de Exceção como premissa desta pesquisa – na qual ele revela o aprisionamento do Estado de Direito no Estado de Exceção –, então, o paradigma dos discursos de Resistência deve mudar. A partir daquela tese, todo discurso de Resistência só será tido como tal se visar romper com o Estado de Direito, leia-se “desativar o Direito” ou a construção de um “estado de exceção efetivo”, sob pena de ser subsumido; em suma, deve buscar a correspondência com a (figura kafkiana enigmática da) criação de um Direito “não mais praticado, mas apenas estudado” (AGAMBEN, 2004, p. 97). A partir disso pergunta-se: como podemos identificar o que se manifesta como Resistência? É possível fazer tal identificação? E, se é possível, como pode a Resistência (tentar) “desativar” o Direito? Segundo Agamben, o critério de distinção entre as forças que se digladiam no Estado de Exceção consiste na solução que essas forças têm com o Direito (2004, p. 96); elas podem tanto instituir quanto conservar, a qualquer custo, o vínculo que une violência e Direito; * Bacharel em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG). Mestre em Teoria, História e Filosofia do Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina (PPGD-UFSC). 31