Caderno de resumos do VII Seminário Temático Filosofia Ética e Políti Jun. 2016 | Page 26
Tempo e experiência no pensamento de
Giorgio Agamben
Ricardo Machado*
Se em Foucault o biopolítico era um problema eminentemente moderno, Agamben encontrará já na Grécia antiga
as distinções entre bios e zoé. Foucault interessou-se em tomar a biopolítica como componente organizador da gestão
das populações na modernidade. É a partir dela que a vida
teria sido apropriada como problema político, produzindo o
direito de fazer viver e deixar morrer em oposição ao direito
de deixar viver e fazer morrer - fruto de uma concepção de
governo marcada pela soberania. É sob esta nova biopolítica
que a modernidade produziria a morte em nome da vida e o
racismo de estado. Foucault esteve interessado em circunscrever este limiar entre a soberania e uma genealogia do poder
disciplinar e biopolítica em fins do século XVIII e ao longo
do século XIX. No entanto, nas últimas páginas de seu curso
“Em Defesa da Sociedade”, já anunciava: “o nazismo como o
desenvolvimento até o paradoxismo dos mecanismos biopolíticos criados no século XVIII. Foi através desta breve referência de Foucault ao nazismo e ao totalitarismo do século
XX que Agamben encontrou a possibilidade pensar o limite
da experiência biopolítica nos campos de concentração. Mas
foi com Benjamin, em suas Teses sobre história que encontra
a referência necessária para um trabalho que enfrentasse o
estado de exceção e suas implicações entre história e a política. É em Benjamin que encontra a noção de que o estado de
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Graduado em História pela Universidade Regional de Blumenau (2003),
Mestre em História Cultural pela Universidade Federal de Santa Catarina
(2006) e Doutorando em História Cultural da Universidade Federal de
Santa Catarina. Professor na Universidade Federal da Fronteira Sul.
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