Caderno de Resumo do III SIICS Caderno de Resumos do III SIICS | Page 417
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CINEMA E HISTÓRIA: BREVE ANÁLISE DA REPRESENTAÇÃO DA DITADURA
PELA ÓTICA DO CINEMA NOVO
Wandernilton Rodrigues da Silva
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Ingrid Pereira de Assis
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RESUMO: Esse trabalho se justifica para o melhor entendimento de como a sétima arte pode
ter pontos de contato com as situações que acontecem na vida real. Nosso objeto de observação
é o filme O Desafio (1964), produzido pelo movimento cinematográfico Cinema Novo. O filme
retratava a história da ditadura, mostrando uma fiel luta contra o sistema. Com tanques de guerra
nas ruas e uma atmosfera de manifestações espalhadas por todos os lugares, o filme mostrava
o que o país estava vivendo naquele momento, era a realidade exposta pela ficção. O objetivo
deste estudo é fazer uma análise comparativa para visualizar como o cinema e a história
encontram fortes diálogos entre si. Foi verificado como o movimento Cinema Novo apoderou-
se desses fatos históricos para dar vida a novos roteiros que discutiam com a realidade social
daquela época. O Desafio retratava a história de um jornalista intelectual de esquerda, que após
o golpe militar que acabara com a fraca democracia brasileira sob o pretexto de combater o
comunismo, vivia um conflito amoroso com sua amante. O ator Oduvaldo Viana Filho,
protagonista do filme, vivia o personagem Marcelo, enamorado da jovem Ada (Isabela
Campos), que era casada com um rico industrial. O filme além de mostrar a impossibilidade
amorosa do jovem Marcelo com Ada retratava, sobretudo, Marcelo, como o porta-voz de um
tantos outros jovens artistas e intelectuais que sofria o impacto de um violento golpe militar.
Além, da marca politica que constava no filme, O DESAFIO era para seu autor e produtor,
Paulo César Sarecine, um roteiro criado para gerar discursões, e precisava ser feito naquele
momento da história, pois cada fala dos personagens teria de dizer ao espectador que houve um
golpe de estado. A realidade dos fatos da época era tão próxima com as cenas, que o autor fez
questão de colocar no roteiro, a frustação de Marcelo pela falta de perspectiva de um país
melhor. Ada seria não só uma amante, mais o próprio conflito interior que acontecia diariamente
nos pensamentos de Marcelo, conflito entre o belo é o proibido, entre a produção intelectual e
a ideologia política. Por fim, o cinema é um grande meio de comunicação, e alguns dos
movimentos cinematográficos podem fazer algum tipo de interferência nas mazelas do povo,
nas condições sociais e em qualquer contexto de precariedade de uma região ou cidade, o
trabalho é árduo e continuo. Dessa forma, ao assistir o filme, muito mais do que avaliar as
imagens e sons retratados, o que percebemos foram os pontos de contatos existentes entre o
golpe militar com a narrativa do filme em questão, com isso, verificamos a permanente vontade
do autor e diversos outros vanguardistas, a darem continuidade em um protagonismo de um
trabalho extenso. Considero, após análise, que a cinematografia, ou qualquer outro tipo de
expressão artística, serve para gerar dialéticas na sociedade e trazer reflexões sobre as variantes
formas de expressar a realidade de cada lugar com seus árduos contextos.
Palavras-chave: Cinema; História; Ditadura; Movimento Cinema Novo.