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AS DOENÇAS NEGLIGENCIADAS NO LIVRO DIDÁTICO DE BIOLOGIA:
ABORDAGENS DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE
Premma Hary Mendes Silva
[email protected]
Orientadora: Mariana Guelero do Valle
[email protected]
Universidade Federal do Maranhão
RESUMO: Segundo a OMS (2017) doenças negligenciadas são doenças associadas à pobreza,
à marginalização econômica e às precárias condições de vida. Alegando-se uma suposta falta
de demanda – um bilhão de pessoas em 149 países – não se desenvolvem estratégias
terapêuticas, quando o verdadeiro motivo é o baixo retorno lucrativo para a indústria, pois essas
doenças atingem populações de baixa renda, em situação de pobreza, sem acesso a saneamento
adequado, vivendo em países com baixos índices de desenvolvimento humano (PAIVA, 2011).
Como exemplo do contexto brasileiro e maranhense temos: hanseníase, doenças de Chagas,
dengue, esquistossomose, leishmaniose, entre outras. Considerando o contexto escolar e o livro
didático como materialidade da política curricular e dada sua importância nesse contexto, nos
questionamos: o currículo escolar também negligencia as doenças negligenciadas? Para
compreender como essas doenças são abordadas em livros didáticos de Biologia, buscamos
investigar a partir de uma pesquisa documental de que forma as doenças negligenciadas são
abordadas em uma coleção de livros didáticos de Biologia do Ensino Médio aprovadas pelo
Programa Nacional do Livro Didático do ano de 2018. Para isso analisamos, a partir do
referencial de Martins (2017) que descreve três abordagens da Educação em Saúde, como os
conteúdos relacionados a doenças negligenciadas são abordados nos três volumes da coleção
analisada. Assim, de acordo com o referencial adotado, a abordagem biomédica entende a saúde
como total ausência de doença, com foco em aspectos biológicos; a abordagem comportamental
define a saúde como resultado das escolhas individuais e da adoção de hábitos e
comportamentos de vida saudáveis, e a abordagem socioecológica defende a saúde como um
bem-estar biopsicossocial e ecológico do indivíduo, valorizando diversas dimensões
compreendidas no processo saúde-doença. Após o processo de análise percebemos que a
abordagem comportamental foi predominante. Disso concluímos que nos livros didáticos a
mensagem passada é de que as próprias pessoas são responsáveis por sua condição de saúde no
que se refere às doenças negligenciadas, e que devem partir das pessoas as ações necessárias à
manutenção de seu estado adequado de saúde. Percebemos que há certa omissão de aspectos
sociais na abordagem dessas doenças nos livros didáticos analisados, o que influencia na forma
como serão trabalhadas no contexto escolar. Assim, como o espaço escolar é um espaço
propício à discussão de temas sociais, a abordagem socioecológica do tema é uma oportunidade
de se desenvolverem ações educativas de saúde que oportunizem aos estudantes uma percepção
crítica sobre o processo saúde-doença, o que possibilita a intervenção e ação participativa para
a preservação da saúde coletiva e individual. A abordagem apenas comportamental do tema não
possibilita a compreensão e a reflexão sobre os condicionantes e determinantes da saúde
necessários à intervenção e à transformação social em saúde.
Palavras-chave: Educação em Saúde. Doenças negligenciadas. Livro didático.