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A HANSENÍASE E AS ABORDAGENS DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE EM LIVROS
DIDÁTICOS DE BIOLOGIA
Premma Hary Mendes Silva
[email protected]
Orientadora: Mariana Guelero do Valle
[email protected]
Universidade Federal do Maranhão
RESUMO: A hanseníase é uma doença dermatoneurológica que compromete, com sua
progressão, a força dos músculos, os olhos, as mãos e os pés, mas também a autoestima e a
convivência social. Tem sua prevalência em populações que vivem em localidades periféricas
sem acesso a serviços básicos de saneamento. A hanseníase é uma doença da pobreza,
estigmatizada e negligenciada. Negligenciada porque é endêmica em populações de baixa
renda. O Maranhão é o segundo estado com mais casos de hanseníase do país (BRASIL, 2018).
Por sua prevalência no Estado do Maranhão e por ser a informação uma das possibilidades de
evitar as incapacidades que a doença pode causar, neste trabalho objetivamos compreender
como a doença é representada nos livros didáticos. Para isso, buscamos investigar, a partir de
uma pesquisa documental, de que forma a hanseníase é abordada em duas coleções de livros
didáticos de Biologia do Ensino Médio aprovadas pelo Programa Nacional do Livro Didático
do ano de 2018. As análises foram feitas a partir de Martins (2017), que descreve três
abordagens da Educação em Saúde: a abordagem biomédica, que não visibiliza adequadamente
aspectos socioeconômicos, culturais, políticos, entre outros; a abordagem comportamental que
enfatiza a mudança de comportamento e a aquisição de hábitos saudáveis como formas
determinantes da saúde, e a abordagem socioecológica, que percebe e compreende as condições
ambientais, psicológicas, biológicas, educacionais, culturais, ocupacionais e políticas, e
valoriza as diversas dimensões compreendidas no processo saúde-doença. Após as análises,
identificamos que em apenas um dos seis volumes analisados havia espaço destinado a discutir
a doença. Ainda assim, o espaço do livro didático destinado à discussão do tema se restringe a
um boxe de conteúdo ao final do capítulo, destinado a informações complementares, que não
têm o mesmo destaque dos conteúdos presentes no corpo dos capítulos, por isso apresentando
explanação abreviada. O boxe de conteúdo intitulado “O estigma da hanseníase” apresenta a
hanseníase a partir das três abordagens, o que consideramos pertinente, pois assim nos
aproximamos do que a Educação em Saúde envolve: compreensão ampla da saúde, além da
compreensão de contextos diversos. No boxe são destacados aspectos biomédicos como o
agente etiológico que causa a doença; aspectos comportamentais ao falar sobre o isolamento a
que os indivíduos eram submetidos como forma de evitar a proliferação da doença e aspectos
socioecológicos que destacam o estigma, preconceito a que estão sujeitas as pessoas acometidas
pela doença. O fato de a doença ser mencionada em apenas um dos seis livros demonstra um
silenciamento do tema. O livro didático precisa oportunizar essa discussão na escola. Há a
necessidade de compreensão da hanseníase como um fenômeno biopsicossocial e a abordagem
sobre a doença na escola precisa partir de uma concepção ampliada de saúde, que considere
aspectos sociais e econômicos, além dos biológicos.
Palavras-chave: Educação em Saúde. Hanseníase. Livros didáticos.