Caderno de Resumo do III SIICS Caderno de Resumos do III SIICS | Page 354
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O DISCURSO SOBRE A SUSTENTABILIDADE E A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO
MORADOR IDEAL PARA A CIDADE PATRIMÔNIO
Bruno da Silva Rodrigues (UFMA/PGLetras/GPELD)
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Ilza Galvão Cutrim (UFMA/PGLetras/GPELD)
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RESUMO: A cidade é uma categoria extremamente complexa (MORIN, 2007), afinal, falar
sobre ela não se trata de pensá-la apenas como um território composto de bens, riquezas e
pessoas, mais que isso, significa compreendê-la como um lugar de circulação e de relações
entre corpos e coisas. Por esta razão, o espaço citadino sempre foi alvo de um poder
governamental. Nessa perspectiva, este estudo tem como objetivo verificar como a prefeitura
de São Luís, ao mobilizar discursos que circulam no campo da sustentabilidade,opera uma
forma de governo das condutas, conforme destaca Foucault (2008).Para tanto, analisamos
alguns enunciados que foram publicados na página oficial do Instagram da prefeitura como o
“Mais limpeza, mais saúde” e “Cidadão limpeza,cidade beleza”, entre outros.A partir do nosso
corpus, pretendemos verificar como o poder executivo municipal produz subjetividades e
constituium“morador ideal” para a Ilha do Amor. Em Vigiar e Punir, o filósofo das
descontinuidades, definiu o poder principalmente em termos de táticas, tecnologias, estratégias,
posteriormente, o define também em termos de “um modo de ação sobre a ação dos outros”, ou
seja, “o “governo” dos homens uns pelos outros (FOUCAULT, 1995, p. 244). A gestão
municipal, ao implementar o que “chamam” de ecopontos e, sobretudo, ao produzir chamadas
na rede social Instagram que convidam o cidadão a frequentá-los,constroem uma ordem
discursiva (Foucault, 2009) que incide sobre a população gerindo-a minunciosamente. Através
da análise de nosso corpus, composto por enunciados linguísticose imagéticos, é possível
depreender que o sujeito morador requerido pela gestão da capital não é e não pode ser qualquer
um. É necessário que entre numa ordem, a do cidadão limpeza,precisa deixar ser conduzido
pelo governo e se conduzir a fim de construir, junto à prefeitura, uma cidade beleza.Em via
oposta, o morador que resiste à ordem, numa relação parafrástica, passa a ser visto como
“cidadão sujeira”.Estrategicamente, o governo se encarrega da população colocando-a numa
posição de coparticipante na manutenção de uma cidade limpa e sustentável e utiliza-a como
um instrumentono sentido econômico uma vez que uma cidade mais limpa pode gerar mais
saúde e consequentemente menos gente nos postos de saúde e/ou hospitais, bem comomelhorar
o índice do turismo na capital.Este estudo está ancorado nos pressupostos teóricos
metodológicos da Análise de Discurso francesa a partir dos estudos de Michel Foucault.
Palavras-chave: Sustentabilidade; Governamentalidade; Discurso; Cidade.