Caderno de Resumo do III SIICS Caderno de Resumos do III SIICS | Page 348

Página | 348 “JUÇARA OU AÇAÍ, QUAL O SABOR DO MARANHÃO?”: OLHARES PARA TEXTOS DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA Stella Chrystine Camara dos Santos [email protected] Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática PPECEM – UFMA Profa. Dra. Mariana Guelero do Valle [email protected] Docente do Departamento de Biologia Universidade Federal do Maranhão RESUMO: O presente trabalho teve como objetivo analisar a relação entre nomes científicos e populares em textos de Divulgação Científica (DC). Esta pesquisa apresenta uma abordagem qualitativa. Os sujeitos foram os alunos matriculados na disciplina de Prática de Ensino em Botânica do curso de licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade Federal do Maranhão, Cidade Universitária Dom Delgado. A coleta de dados ocorreu por meio de uma sequência didática envolvendo produções textuais. Foram propostas quatro intervenções que ocorreram semanalmente. Para este trabalho foi realizado um recorte da quarta intervenção, que consistia em solicitar que em grupos, os sujeitos, produzissem textos de DC com o tema acerca da Botânica pré-estabelecido pelo professor, ficando a cargo dos grupos definir a abordagem sobre o tema e o público-alvo. Para fins de análise foi utilizado o texto com o título “ Juçara ou açaí, qual o sabor do Maranhão?”. No primeiro momento, os autores, propõem levantar uma discussão a partir dos questionamentos “ de onde vem a juçara utilizada largamente utilizada como alimento? ” e “existe diferença entre a juçara e o açaí?”. Embora os autores tragam elementos que podem compor o imaginário popular, isto não é levado em consideração ao longo da produção textual, sendo assim, a discussão se prolonga durante todo o texto a partir do fundamento principal da diferenciação das duas plantas com base em elementos unicamente científicos, tais como: localização geográfica; morfologia; seu uso botânico e, principalmente, as nomenclaturas das espécies botânica “ Euterpe oleracea” e “Euterpe edulis”. Além disso, há o descarte do uso da denominação juçara, mesmo que histórico e culturalmente seja comumente utilizada pela população do Maranhão. Dessa forma, há uma ênfase no conhecimento puramente científico em detrimento dos outros conhecimentos, e como consequência desta supervalorização podemos refletir acerca da perda dos aspectos tradicionais e culturais que permeiam esta discussão. Além disso, quando pensamos no campo educacional, é válido ressaltar a importância da abordagem dos aspectos regionais e locais. Sendo assim, ressaltamos a importância de se levar em consideração não apenas a nomenclatura cientifica a qual tem extrema relevância no contexto da pesquisa e do ensino, mas também os aspectos sociais e locais a valorização da cultura e do conhecimento popular. Além do exposto, ressaltamos que o conhecimento popular e o conhecimento científico não devem ser vistos de forma excludente, mas sim em processo de retroalimentação que compões as facetas do conhecimento. Palavras-chaves: Popularização da Ciência, Divulgação Científica e Cultural, Saberes Tradicionais.